Tuesday, December 28, 2010

Jornal da Noite: Póvoa Online encerrado por tribunal

SOU ARGUIDO



Há arguidos no processo do blogue povoaonline
Abílio Nova, advogado e antigo atleta do CDP e António Pedro Ribeiro, que assinou artigos num jornal local foram formalmente constituídos arguidos enquanto suspeitos da autoria do blogue que no anonimato escreveram, ao longo dos últimos anos, sobre várias figuras e instituições da cidade.
14:54 Segunda feira, 29 de Novembro de 2010



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Os suspeitos, Abílio Nova e António Pedro Ribeiro foram, este mês, constituídos arguidos com termo de identidade e residência, no seguimento do despacho de 25 de Outubro passado, emitido pelo juiz de instrução criminal Pedro Miguel Vieira, do Tribunal Judicial da Póvoa de Varzim a que este jornal teve acesso.

O blogue povoaonline, que actuou sempre sob anonimato, foi entre os anos de 2005 e 2008, um difusor de informações e textos, no qual eram de forma sarcástica, caricaturados políticos, jornalistas, presidentes de instituições, associações e figuras públicas da sociedade poveira.

Em 2008, e por determinação do tribunal, o blogue foi encerrado após queixa judicial contra o mesmo, por parte do presidente da câmara, Macedo Vieira e do vice-presidente, Aires Pereira. No entanto, o blogue foi substituído por um novo - povoaoffline - que mereceu igual destino por ordem do tribunal.
Na altura, o encerramento do povoaonline conseguiu um enorme destaque na imprensa nacional, sendo referenciado como um contrapoder à autarquia local.


A determinação pelo tribunal da Póvoa, da constituição de arguidos enquanto suspeitos no processo, de Abílio Nova e António Pedro Ribeiro confirmou-se agora, após muitas dúvidas existentes na cidade, de quem actuaria desta forma e na Internet sob o anonimato.



O que foi escrito

Um tribunal ordenou o encerramento do blogue http://povoaonline.blogspot.com . Entretanto os mesmos autores criaram o blogue http://povoaoffline.blogspot.com .

Que poderá fazer a justiça?

Pela primeira vez em Portugal um blogue foi suspenso na sequência de uma decisão de um tribunal. O blogue Póvoa Online era acusado pelo presidente e vice-presidente da Câmara da Póvoa do Varzim, Macedo Vieira e Aires Pereira, de os difamar.

Segundo a edição de hoje do jornal "Público", a Ordem das Varas Cíveis de Lisboa emitida a 13 de Maio determinava que a Google tinha de impedir de imediato o acesso ao blogue, o que só ocorreu na sexta-feira.

A decisão do tribunal foi colocada na Internet no dia seguinte, no novo site Póvoa Offline, por Tony Vieira, pseudónimo do autor ou autores do blogue.

O Póvoa Online, que existia desde 2005, considerava que "Actualmente (a Póvoa de Varzim) apenas oferece lixo, areia da praia contaminada e um mar poluído, tudo supervisionado por autarcas agarrados ao poder e sustentados por uma teia de corrupção que corrói toda a gestão municipal. Vingou a lei do cimento".

O tribunal considerou que "a maior parte do conteúdo do blogue" consistia em "artigos de opinião" e que os autores criticavam Macedo Vieira e Aires Pereira, não apenas como presidente e vice-presidente da Câmara, mas também como "cidadãos, pais, familiares e amigos".

A sentença considerou também que diversos textos do Póvoa Online não eram feitos como "uma critica construtiva, baseada em factos provados, concretos e objectivos, mas com o objectivo de difundir, junto do público, de forma gratuita, a ideia de que os requerente são corruptos e corruptíveis".

fonte: www.expresso.pt

ESTAIS TODOS FEITOS!


A Prisa formalizou hoje o fim da sua era na emissão de TV em sinal aberto em Espanha, com o fim do canal de notícias CNN+, fruto de um acordo de 11 anos com a norte-americana CNN.
A CNN+ encerra em Espanha ao fim de 11 anos (DR)

A decisão surge após a venda da Cuatro à operadora espanhola Telecinco, propriedade da Mediaset, grupo participado pela italiana Fininvest de Berlusconi. A venda da Cuatro, anunciada em Abril, presumia uma participação de 18,3 por cento da Prisa no capital da Telecinco e a possibilidade manter a presença nos canais de TDT, nomeadamente com esta CNN+. Mas agora a Prisa, que também detém em Portugal a TVI e a Media Capital Rádios, anunciou o fim do canal pela sua inviabilidade. A decisão foi comunicada ontem à Comissão Nacional de Valores Mobiliários espanhola.

Segundo o jornal espanhol ABC o espaço da CNN+ será ocupado, já a partir de dia 30 de Dezembro, pela emissão 24 sobre 24 horas do concurso Big Brother, versão espanhola.

A decisão da Prisa de deixar cair a CNN+ já tinha sido noticiada no início do mês. Mas só ontem foi formalizada com o anúncio

De acordo com o diário El País, a intenção da Prisa é virar-se para um novo canal de notícias em novas plataformas, que sirva o mercado da língua espanhola e o mercado ibérico, com olhos postos em Portugal.

A Prisa sustenta a decisão no facto do canal nunca ter alcançado uma viabilidade económica, apesar de vários modelos de negócio que foram sendo experimentados, e na audiência residual – que oscilou sempre entre os 0,2 e 0,3 por cento e que, com o advento da TDT, atingiu os 0,6, algo que não chegou. Nos últimos três anos, desde que emite em sinal aberto, conta o El País, o canal perdeu 40 milhões de euros.

"berlusconização" à vista?

Os blogues em Espanha criticavam ontem aquilo que chamavam de “berlusconização” da informação em Espanha. Apesar da CNN+ ter sido criticada, nos últimos tempos, por ter introduzido mais programas em grelha, descurando o espaço dado às notícias, Francisco Basterra, jornalista fundador do canal, lembrava ontem o espaço de análise e de debate que o canal representou e uma nova maneira de comunicar que introduziu no jornalismo televisivo em Espanha.

Os canais temáticos de informação em sinal aberto ficam assim reduzidos em Espanha ao canal 24 Horas da RTVE.

O acordo entre a Prisa e a Telecinco prevê também a entrada da Mediaset na plataforma Digital+ (participação de 22 por cento), que inclui mais de 150 canais pagos.

Os jornalistas que integravam a CNN+ em Espanha, e que compartilhavam a redacção com os da Cuatro, passam a trabalhar para a Telecinco, segundo este acordo. A Federação de Associações de Jornalistas de Espanha(FAPE) lamentou já também, em comunicado, a perda de “um espaço de debate e intercâmbio de ideias, reflexão e formação de opinião”, numa sociedade “cada vez mais desamparada perante o poder e uma democracia mais débil”. Nos últimos dois anos Espanha perdeu 3496 postos de trabalho na área do jornalismo.

Monday, December 27, 2010

lastequillas6

VIVE L'ANARCHIE!


Pacote suspeito de conter explosivos encontrado na embaixada grega em Roma
27.12.2010 - 11:03 Por PÚBLICO

Uma série de pacotes suspeitos de conterem cargas explosivas foram detectados hoje em Roma, nas embaixadas da Grécia, Dinamarca, Mónaco e Venezuela – mas todos foram já declarados como falsos alarmes à excepção do primeiro.
Polícia e bombeiros em frente à embaixada da Grécia em Roma (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)

Os peritos de minas e armadilhas da polícia italiana desmontaram já a bomba de fragmentação encontrada na embaixada grega, foi confirmado pelas autoridades.

Na semana passada o grupo anarquista Federação Anarquista Informal, próximo dos extremistas gregos, reivindicou os ataques similares feitos contra as embaixadas da Suíça e do Chile, em que ficaram duas pessoas feridas.

Desde então foram registados falsos alarmes também nas missões diplomáticas ucraniana e irlandesa em Roma, com as autoridades a reforçarem a vigilância sobre as entradas de correio nas embaixadas.

Estes ataques são também semelhantes aos efectuados na Grécia no mês passado, por activistas de extrema-esquerda. Naquela altura foram enviados 14 pacotes suspeitos para a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi e o Presidente francês Nicolas Sarkozy, e houve também uma explosão em frente à embaixada da Suíça em Atenas.

Sunday, December 26, 2010

DA LEITURA E DAS MULHERES BELAS


Tenho necessidade de ler. Livros, jornais, seja o que for. Se não ler, o meu dia não fica completo. Ler é um acto de amor, alguém o disse. Até sou capaz de amar a Fátima Lopes a brincar com as criancinhas na TV. Contudo, o mundo dela não é o meu. Penso até que já publicou livros. Deve ter escrito dessas lamechices ou desses lugares-comuns que vendem. É claro que não são essas as leituras que me atraem. Talvez a gaja transmita uma certa ternura para lá do "mainstream" que apetece beijar, tal como a Bárbara Guimarães ou a Catarina Furtado. É evidente que, por outro lado, essa coisa de andar a vender os bancos e os sabonetes não me agrada e faz delas umas putas do "mainstream". Mas eu nada tenho contra as putas. Até gosto desse jogo de chamar o homem. De vê-las abrirem-se após o acto sexual. De ouvi-las falar nos filhos e dos homens que não prestam. De ouvi-las falar na vida que as outras mulheres não conhecem. Eu próprio sou uma puta. A puta fina que vai para o palco abrir as pernas. Nas horas em que não sou essa puta, sou o homem que escreve e que se entrega à leitura. Além disso, vou aos bares falar com amigos e com amigas. Ontem o whisky devolveu-me à vida. Estava mentalmente bloqueado e o whisky abriu-me as portas. Há algo na Fátima Lopes que me irrita mas, por outro lado, há outro algo que me atrai. Parece que todas as mulheres que desejo estão ao meu alcance. Olho-as de cima, posso tê-las. Há 5,10 anos não era assim. Eram deusas inacessíveis. Agora estou teso mas olho-as de cima. A todas. Mesmo à Shakira e às beldades dos anúncios. Posso tê-las. Estou ao nível delas. Estão no meu mundo. Olho-as, cobiço-as, como à deusa-cadela da Glória de Lawrence. São minhas irmãs. São minhas. Todas elas. Posso ser insolente como Jesus, como Zaratustra. Posso dizer: eu sou a verdade e a vida. Não tenho que curvar-me diante delas nem de ninguém. Tudo é meu e nada é meu. Virá o dia em que nem sequer usarei dinheiro ou que o dinheiro me cairá do céu. Como as mulheres belas. O paleio da maior parte dos homens é muito limitado. Não satisfaz as mulheres. Eu sou o Verbo. Eu posso ser o Verbo.

Saturday, December 25, 2010

Aos amigos esquecidos, às gentes que carregam a manta, nesta data onde se cantam loas á solidariedade e à caridadezinha…


Um poema de Alexandre O`Neill…


Nunca jantam, quando jantam,
Onde almoçam, quando almoçam.

Condenados, pois claro, à revelia,
O que deixam é um nome nos arquivos
E continuam maus, sornas e vivos.

O aguardente aquece-lhes a casa,
O tabaco fuma-lhes a prosa.

Quando dormem,
Nem formiga os acorda.

Aceitam trabalho aqui,
Mas sobretudo acolá.

É gente de pau e manta,
Ó minha linda,
Gente que pra ti não há.

http://lutapopularonline.blogspot.com

TERESA RICOU

"Portugal não está em crise económica, precisa é de valores" - Teresa Ricou
Lisboa, 23 dez (Lusa) - Teresa Ricou considera, do alto da colina lisboeta donde dirige o projeto cultural Chapitô, que Portugal não está em crise. Pr...



"Portugal não está em crise económica, precisa é de valores" - Teresa Ricou
Lisboa, 23 dez (Lusa) - Teresa Ricou considera, do alto da colina lisboeta donde dirige o projeto cultural Chapitô, que Portugal não está em crise. Precisa é de valores sociais e de "políticos que desçam à terra".

A primeira mulher palhaça portuguesa - Tété -, há quase 30 anos à frente de um projeto artístico e social que considera "uma retaguarda cultural e uma vanguarda humanista", defende também que ao país que "cabe todo no Chapitô" falta "um projeto político, social, cultural e de educação" que olhe para os afetos e para além da economia.

"O país não está em crise. Acho que há bastante dinheiro por todo o lado, está é muito mal distribuído. Porque as pessoas mais ricas continuam a ser ricas, as mais pobres continuam a ser pobres. Agora há, realmente, uma crise de valores muito grande", afirmou à Lusa.

E escolheu uma metáfora para explicar melhor: "É preciso fazer uma limpeza deste rio para que os peixinhos continuem a nadar, para que haja um equilíbrio social, que não está a haver", afirmou.

Teresa Ricou considera que faziam falta ao país políticos mais próximos das pessoas, "mais próximos da realidade": "Nós sentimo-nos sós cá em baixo. [Os políticos] preocupam-se mais com a competitividade política dos partidos do que propriamente com o projeto social pelo qual devíamos todos estar a lutar", afirmou.

E, acrescentou, neste "circo político, onde há vários artistas ao mesmo tempo, há uma disputa relativamente pouco clara e pouco interessante entre eles, [que faz com que] a mudança da sociedade não seja feita efetivamente".

"Incomoda-me o discurso que tenho visto agora para as campanhas, um discurso um bocado gratuito: as pessoas falam por falar, dizem por dizer, não tem grande objetividade e coisas concretas. E estão numa guerra de audiências", disse.

A artista disse-se ainda preocupada com futuro da atual "geração de rápido desgaste", com a qual pretende "brincar um bocado, juntando o cheiro a livros aos computadores" para "superar a ditadura dos direitos pela ditadura dos afetos".

Ainda uma palavra sobre o papel do Estado na Cultura, na Educação e no Serviço Social do cenário de hoje: "Acho que o Estado tem que existir, tem que ser um espaço regulador daquilo que fazem as organizações e não pode ser concorrente com elas. Mas acho também que já é altura de as empresas começarem a participar", terminou.

JYF.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/fim.

SEREIA NA AREIA


sereia na areia
contorce-te
voa no trapézio
faz strip para mim

sereia na areia
come o gelado
deixa o namorado
o biquini rosa
mata-me
acende-me
dá cabo de mim

sereia na areia
no meio das gaivotas
e das risotas
vem até mim

à trip do poeta
ao limbo do asceta
à távola de Artur
à alquimia de Merlin.

Vila do Conde, 6.8.2006

ROTINA NA MOTINA


ROTINA NA MOTINA


Chego triunfal à "Motina"
o bêbado adormece diante do copo
o fadista passeia de boné na cabeça
dá umas voltas
cumprimenta o psicólogo
as mulheres falam dão à língua
são máquinas de falar
nunca mais páram
a rádio passa Bruce Springsteen
"Glory Days"
ouvia isso aos 16 anos
quando era um jovem promissor
bom aluno boas notas
depois percebi que tudo
se resumia a notas e moedas
e cartões multibanco e contas bancárias
depois percebi que quase nada fazia sentido
antes andar bêbado
e adormecer diante do copo
é claro que há sempre as empregadas
a chamar-nos a atenção
mas não deixamos de estar na nossa
quase imunes ao capitalismo
desde que tenhamos uns trocos
para os copos
às vezes há umas gajas que falam connosco
que vêm ter connosco no fim da representação
que pensam que nós somos mais que os outros
só porque dizemos umas coisas
que os outros não dizem
e essas gajas fazem-nos acreditar
que existe qualquer coisa
como quando as crianças olham para nós
e há qualquer coisa de mágico na coisa
isto não é apenas um gajo a escrever
isto não são apenas os croissants a chegar
isto não é apenas o trabalhinho
isto não é sequer o dinheirinho
isto não são apenas as velhas a marchar
para fora da confeitaria
isto não é apenas o pequeno-burguês a mastigar
isto não é apenas a bandeira nacional
espetada na parede
há qualquer coisa!
Não sei se é Deus ou se são os deuses
não sei se é a energia como diz o Henrique
talvez seja o Espírito
o deus em nós de que fala Henry Miller

E pronto! Vem um gajo para a confeitaria
estudar alemão
e saem-nos deuses e espíritos
vem um gajo cantar a rotina
e o bêbado que adormece
diante do copo
e sai-nos a alma
a essência
a explicação de tudo isto

E pronto! Chega uma gaja boa
e lá se vai a essência
ou será sinal que ela vem de vez?


Vilar do Pinheiro, "Motina", 14.12.2008



A. Pedro Ribeiro (ou António Pedro Ribeiro) nasceu no Porto, Portugal, em Maio de 1968.
É autor dos livros de poesia e manifestos "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Edições Pirata, 2004) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001).
Foi fundador da revista "Aguasfurtadas" e colaborou nas revistas "Sinismo" (Faculdade de Letras do Porto), "Do Silêncio dos Poetas", "Bíblia", "Íncubo" e "A Voz de Deus".
Diz poesia publicamente há mais de 20 anos, tendo participado no Festival de Paredes de Coura de 2006 e no Festival de Salvaterra do Minho (Espanha) em 2007.
É licenciado em Sociologia.

E-mail: apedroribeiro@hotmail.com


http://conexaomaringa.blogspot.com

APOIO A MANUEL ALEGRE


APOIO A MANUEL ALEGRE

António Pedro Ribeiro

E depois ainda há o lado místico. Aquilo que não está nos autocarros que passam. Que, em certa medida, me faz apoiar Manuel Alegre, mesmo sabendo que ele aceita a democracia burguesa e eu não. Mas há qualquer coisa na postura do poeta de "Praça da Canção", qualquer coisa na forma de se expressar que nos traz um certo Portugal messiânico, sebastianista, que vem de Camões, de Pessoa, de Agostinho da Silva. Uma certa pátria que eu não rejeito, que está para lá da anarquia e da democracia, a tal que poucos alcançam, talvez até o Quinto Império. Por isso e pelo seu passado anti-fascista apoio Manuel Alegre, mesmo sendo anarquista e anti-capitalista. É claro que também há aquele ódio de estimação contra Cavaco Silva. Um Cavaco agarrado aos mercados que prega a não-vida. Um Cavaco que é a face mais vil da economia. Um Cavaco ligado às fraudes e aos amigos do BPN, como apontou Defensor Moura. Um Cavaco que é preciso derrubar porque não presta.

VINICIUS DE MORAES


Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos da mulher morena
Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo
E estão me despertando de noite.
Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios da mulher morena
Eles são maduros e húmidos* e inquietos
E sabem tirar a volúpia de todos os frios.
Meus amigos, meus irmãos,
e vós que amais a poesia da minha alma
Cortai os peitos da mulher morena
Que os peitos da mulher morena sufocam o meu sono
E trazem cores tristes para os meus olhos.
Jovem camponesa que me namoras
quando eu passo nas tardes
Traz-me** para o contacto*** casto de tuas vestes
Salva-me dos braços da mulher morena
Eles são lassos, ficam estendidos imóveis ao longo de mim
São como raízes recendendo resina fresca
São como dois silêncios que me paralisam.
Aventureira do Rio da Vida,
compra o meu corpo da mulher morena
Livra-me do seu ventre como a campina matinal
Livra-me do seu dorso como a água escorrendo fria.
Branca avozinha dos caminhos,
reza para ir embora a mulher morena
Reza para murcharem as pernas da mulher morena
Reza para a velhice roer dentro da mulher morena
Que a mulher morena está encurvando os meus ombros
E está trazendo tosse má para o meu peito.
Meus amigos, meus irmãos,
e vós todos que guardais ainda meus últimos cantos
Dai morte cruel à mulher morena!






Vinicius de Moraes

Saturday, December 18, 2010

DOS FILHOS

“Não entendo como há editoras que me rejeitam. A minha forma de escrever é original. Já o disse. Não sou o melhor seleccionador. Mas não faço outra coisa senão escrever…e ler. Vivo da escrita. Vivo literalmente da escrita. Os meus textos são todos meus filhos. À falta de amigos e de amigas tenho os meus filhos. Uns ficam. Outros são rejeitados. Outros ainda ressuscitam. Mas são todos meus filhos. Amo-os. Nascem de mim. Sou o criador. A mãe que os pare. E o criador é livre e feliz.”

Thursday, December 16, 2010

GATA


GATA

És boa
és mesmo boa
mexes comigo
deixas-me à toa

tiras café
tatuada
beijava-te toda,
minha amada

gingas as ancas
sempre apressada
t-shirt preta
cheia de garra

umbigo ao léu
corpo de gata
Deus meu
só quero farra.

Posso escrever numa era revolucionária sem ser sobre a revolução. Posso escrever sobre a D. Rosa que regressou e que conta a vida. Posso escrever sobre a menina da “Motina” que traz os cafés. Poder-lhe-ia dedicar um poema de amor. Posso cantar a liberdade sem falar de sexo. Posso falar uma linguagem não-económica. Posso falar no amor entre o homem e a mulher. Posso escrever com amor. Posso cantar a loira que entra. Posso ser completamente doido na confeitaria. Posso acreditar no novo homem. Posso acreditar no homem que cria e ama. No homem sem dinheiro, sem ganância. Posso ir até ao fim. Posso crer em mim.

OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE

Subject: OS POBRES QUE PAGEM A CRISE

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Os pobres que paguem a crise
No País mais desigual da Europa o salário mínimo não pode ser actualizado para uns miseráveis 500 euros. E nesse mesmo País o Parlamento chumbou a possibilidade dos accionistas da PT pagarem impostos pelos seus dividendos.

Daniel Oliveira (www.expresso.pt)

8:00 Sexta feira, 3 de Dezembro de 2010











O governo recusou na intenção de actualizar o salário mínimo para 500 euros. Parece que as empresas não estão capazes de sustentar tamanha loucura. Iriam, dizem muitos, à falência. Uma má notícia: quem não consegue pagar 500 euros por mês a um trabalhador já faliu. Apenas ninguém o avisou. Porque se a nossa única salvação para conseguir crescer e exportar é dar competitividade às nossas empresas não há como o fazer com trabalhadores semi-escravos. Para isso já existe a China, que consegue pagar ainda menos. Empresas que fecham se pagarem 500 euros (que pura e simplesmente não dá para viver) a um trabalhador não têm futuro. Ponto final.

Este recuo é especialmente grave quando se sabe que somos o país mais desigual da Europa, com salários baixos demasiado baixos e salários altos demasiado altos. Segundo um estudo publicado ontem, os 20% mais ricos ganham 6,1 vezes mais do que os 20% mais pobres. Cerca de um milhão de trabalhadores (com emprego) vivem próximos do limiar de pobreza. Esta desigualdade é mais do que um problema social: é um problema económico. Como podemos nós acrescentar algum valor ao que produzimos se quem produz vive no limiar da sobrevivência?

No mesmo momento em que se recua neste compromisso de dignidade mínima, o Parlamento chumbou uma proposta do PCP que obrigaria os accionistas da PT, dentro dos limites da lei, a pagar, como devem, impostos sobre os dividendos que recebem. Ou seja, a contribuir para o esforço nacional de endireitar as contas públicas.

Conclusão: quem recebe o salário mínimo e vive próximo da miséria apesar de ter emprego tem de compreender que estamos em crise e aceitar mais este sacrifício. Quem recebe os lucros de um negócio - onde, por acaso, o Estado desempenhou um papel central - não pode ser incomodado com obrigações para com a comunidade.

Sunday, December 5, 2010

António Pedro Ribeiro

Poeta e anarquista, é um frequentador de noites de poesia, sem papas na língua nem censura nas palavras. Homem de grandes polémicas e controvérsias, tem percorrido quase todo o Norte a anunciar que vai candidatar-se à Presidência da República e combater comportamentos quase fascistas, para dar maior atenção aos pobres e aos desempregados. É autor de "Um poeta no Piolho", uma colectânia de versos livres de inconformismo e protesto, de que declama poemas como "Se me pagares uma cerveja estás a financiar a Revolução" ou o já célebre "Carta de Amor ao Primeiro Ministro".


www.freezone.pt

Saturday, December 4, 2010

LAND


Os cronistas do sistema já falam na revolução. O sistema começa a temê-la. É claro que não estamos à espera de maiorias para fazer a revolução. Precisamos de artistas-provocadores e de revolucionários de rua. Até já temos castratofistas como Medina Carreira e outros a nosso favor. Até já se fala na saída do euro. Quanto pior, melhor. As pessoas não vão aguentar tantas perdas de direitos, tanta pobreza. Tudo joga a nosso favor, revolucionários. Agora sim, começa a chegar a nossa hora. Somos nietzscheanos, não vemos os trabalhadores como coitadinhos. Nada há a perder. Há que construir o novo homem. É, sobretudo, uma luta individual mas também colectiva. Precisamos do Bloco e do PCP, apenas isso. Estamos muito para lá deles. Nada temos a perder. EStamos a caminho do "país dos nossos filhos". Acreditamos. Temos uma fé quase religiosa. É isso que nos distingue dos outros. Rimos com as quedas das bolsas e dos mercados. Rimos de nós mesmos. Somos loucos, lunáticos, alucinados, criadores mas também sabemos ser racionais. O país começa a arder. O mundo começa a arder. Dancemos a dança do fim do mundo. Dancemos com Jim Morrison e Henry Miller. Celebremos o caos. Digamos não ao homem direitinho do trabalhinho. Digamos não às normas do estabelecido. Pilhemos os bancos. Celebremos a vida. Dancemos sobre o fogo. ESta é a terra. Este é o reino. O cavaleiro encontrou o Graal. Não mais depressão, minha rainha. VAmos até ao fim. Dança. Vive a noite e o dia. Canta os pássaros da manhã. Isto está mesmo a começar. O capitalismo e os mercados vão cair. This is the land. This is the Kingdom. Não mais mentiras. Afrontemos os cães da polícia. Celebremos Jesus, Buda e Zaratustra. Inundemos as praças. Queimemos o dinheiro, queimemos o mercado. A hora está a chegar. Nunca estivemos tão fortes. Five to one, one to five.

MAR

Foi nos Açores
um rapaz azul
deu-me um poema
sobre o mar

nunca mais verei
o rapaz
nem nunca mais
me levantarei
de madrugada
para escrever
sobre o mar.

ALICE MACEDO CAMPOS

era bem mais fácil ser uma mulher, penso.
dar de mamar, cuidar da casa, fazer os filhos um a um,
ter os espelhos resplandecentes, o lustro das pratas bem puxado,
um mecanismo de limpeza que, fora e dentro da casa,
no espaço oculto do silêncio, assobiasse o lume sobre as coisas.
esta mulher, penso, é a noite mais alta do mundo.
os homens, quando se põem a caminho,
levam na erecção as mãos vazias, e na boca enorme os olhos cegos do desejo,
loucamente entram nas chamas do corpo da mulher,
e ardem.


alice macedo campos

REI

REI

Cair no meio da arena
morrer como um touro
em sangue
cair, solene,
como um rei
para cá da escumalha
dos risinhos idiotas
da ignorância.

Thursday, December 2, 2010

Abílio Nova, advogado e antigo atleta do CDP e António Pedro Ribeiro, que assinou artigos num jornal local foram formalmente constituídos arguidos enquanto suspeitos da autoria do blogue que no anonimato escreveram, ao longo dos últimos anos, sobre várias figuras e instituições da cidade.

EXPRESSO

Monday, November 22, 2010

OS CAMPEÕES DA DEMOCRACIA

EUA tinham planos para invadir os Açores em 1975
22.11.2010 - 16:27 Por Nuno Simas
www.publico.clix.pt

A suspeita existia há anos entre os historiadores e era um dos aspectos obscuros do papel dos Estados Unidos durante a Revolução portuguesa (1974-76). Teriam os Estados Unidos pensado invadir os Açores, onde tinham e têm uma base nas Lajes? Finalmente, há uma resposta. E é sim: o Departamento de Defesa tinha planos para “ocupar” as ilhas se o país caísse sob controlo dos comunistas ou da esquerda radical.
Kissinger foi um dos intervenientes que mais pressão fez sobre a diplomacia portuguesa para que o país não caísse numa democracia directa após a revolução (Kieran Doherty/Reuters)

A existência dos planos é revelada num memorando de conversação entre o secretário de Estado, Henry Kissinger, e o secretário da Defesa, James Schlesinger, em Janeiro de 1975.

Esse documento histórico foi desclassificado, publicado pelo National Security Archive e resulta de uma investigação do historiador William Burr, autor de um livro The Kissinger Transcripts, sobre as negociações do chefe da diplomacia norte-america com a URSS e China, nos anos 70.

A 22 de Janeiro de 1975, num pequeno-almoço na Casa Branca entre Kissinger e Schlesinger, Portugal era o primeiro tema de conversa, escassos dez meses passados sobre a Revolução dos Cravos que derrubou a ditadura de Salazar e Caetano.

Kissinger comentou que era necessário ter “um programa” para Portugal. Razão: “Há 50 por cento de hipóteses de perder” o país. Perder Portugal para os comunistas, entenda-se.

É então que o secretário da Defesa afirma que os Estados Unidos “têm um plano de contingência para ocupar os Açores”. Apesar de isso “estimular a independência dos Açores” – por essa altura a posição formal de Washington era de “neutralidade” quanto aos independentistas dos Açores.

A transcrição, breve, da conversa é feita por William Burr no blogue do National Security Archive, com sede em Washington, associada à George Washington University, e que se dedica à desclassificação e divulgação de investigação histórica da História dos Estados Unidos.

Segundo Burr, os planos de contingência não são conhecidos e estarão arquivados no Pentágono.

O historiador norte-americano conclui que os receios de Henry Kissinger, que comparou Mário Soares, fundador e líder histórico do PS, a Kerensky, provaram ser exagerados. Depois de meses de revolução nas ruas, de golpes e contragolpes, Portugal tornou-se uma democracia representativa. Em 1976, o PS ganhou as eleições legislativas.

ATRAVESSO VIDAS


Atravesso vidas. A mente abre-se. Tudo parece perfeito. Nítido. Nasço outra vez. Estou aqui porque nasci. E isso é tudo. É o suficiente. Que quereis mais? Sou eu. Nasci. É isto a vida. Simplesmente a vida. Não o que trabalhais todos os dias. Mas o instante que é. O instante que agarro agora. Porra! Nada mais. Nasço. Sou a criança. O eterno retorno. Os galos cantam o Nirvana.





O Jim Morrison era alguém que estava para lá. Levou uma vida excessiva mas quase ninguém fala de que como ele era na intimidade ou que conversas tinha com os amigos do bar. Por vezes, sinto-me muito próximo dele. Acho que agora o compreendo claramente. As minhas alucinações são nietzscheanas, morrisonianas. Não tenho que seguir um partido ou uma ideologia como no passado. Tenho de ser o homem total. O homem que regressa a si mesmo e à mulher.





Ainda há pouca luz. Tenho de ocupar o cérebro. Mais uma noite em que fico sem dormir. Sem a merda do medicamento não consigo dormir. O cérebro alimenta-se continuamente. Bebe-me. Tenho de fazer um esforço para não passar para o lado de lá.





Escrevo. Sou aquele que regressa. Passei as provações, os demónios. Agora vejo a luz. Estou próximo dos santos. A mulher deu-me a mão e o amor. E agora estou mais homem, mais senhor. Acredito nos meus mestres. Nietzsche, Morrison, Miller e outros. Estou pronto a dar-me ao mundo.

Wednesday, November 17, 2010

A BRASILEIRA


Os senhores da república
trazem os chapéus
à "Brasileira"
os personagens de outrora
ficam à porta

sem obrigações
nem compromissos
o poeta lê
e aumenta a vida.


Braga, "A Brasileira", 15.11.2010

NICANOR PARRA

1

o poeta atira pedras à lagoa
círculos concêntricos propagam-se

2

o poeta senta-se numa cadeira
dando corda a um relógio de bolso

3

o poeta lírico ajoelha-se
diante de uma cerejeira em flor
e começa a rezar um pai-nosso

4

o poeta disfarça-se de homem rã
e esconde-se no lago do parque

5

o poeta lança-se no vazio
pendurado num guarda-chuva
desde o último andar da Torre Diego Portales

6

o poeta resguarda-se no Túmulo do Soldado Desconhecido
e daí dispara flechas envenenadas contra os transeuntes

7

o poeta maldito
entretém-se atirando pássaros às pedras

ACTO SEDICIOSO

o poeta corta as veias
em homenagem ao seu país natal


Nicanor Parra, in Hojas de Parra (1985)
Versão de HMBF

LIVRARIA LELLO: TERCEIRA MELHOR DO MUNDO

Guia australiano considera-a "uma pérola de arte nova", no seu "top ten" para 2011
Lonely Planet classifica a Lello como a terceira melhor livraria do mundo
17.11.2010 - 12:50 Por Sérgio C. Andrade

A livraria centenária portuense Lello foi classificada pela Lonely Planet como a terceira melhor do mundo, no guia que esta editora fundada na Austrália acaba de lançar para o próximo ano. Numa listagem em que faz o “top ten” dos países, regiões e cidades a visitar em 2011, a Lonely Planet coloca a livraria situada na Rua das Carmelitas, no Porto, na terceira posição, depois da City Lights Books, em São Francisco, nos Estados Unidos, e da El Ateneo Grand Splendid, em Buenos Aires.
A Lello, fundada em 1906, é classificada como “uma pérola de arte nova” (Nelson Garrido/arquivo)

No guia "Lonely Planet's Best in Travel 2011", a editora classifica a Lello, fundada em 1906, como “uma pérola de arte nova”, que se mantém como uma das livrarias – e talvez mesmo uma das lojas – “mais espantosas do mundo”.

Na descrição que faz do seu interior, destaca “as prateleiras neogóticas” que fazem mesmo concorrência aos livros na atenção dos visitantes, mas também a decoração nas paredes com os bustos esculpidos de escritores portugueses, além, claro, da “escadaria vermelha em espiral” que leva os clientes até ao primeiro andar e que parece “uma flor exótica”. O trilho e o carrinho para o transporte dos livros e a pequena cafetaria no primeiro andar, de onde se vê a luz do dia filtrada por coloridos vitrais, são outras notas deixadas aos leitores deste que se tornou já num dos mais populares guias de viagem em todo o mundo.

Esta classificação da Lello repete aquela que a loja portuense já tinha conquistado em Janeiro de 2008, quando o diário britânico “The Guardian” também a considerou como a terceira mais bela livraria do mundo, igualmente a seguir à Ateneu da capital argentina, que ocupa o lugar de um antigo teatro – dessa vez, em primeiro lugar, surgia a livraria holandesa em Maastricht, Boekhandel Selexyz Dominicanen, instalada numa antiga igreja.

O actual edifício da Livraria Lello, que foi desenhado de raiz para ser uma livraria pelo engenheiro Francisco Xavier Esteves, já tinha também sido considerado pelo escritor catalão Enrique Vila-Matas como “a mais bonita livraria do mundo”.

No “top ten” agora divulgado pela Lonely Planet, logo após a Lello surge a Shakespeare & Company, em Paris, seguindo-se a Daunt Books, em Londres, a Another Country, em Berlim, a The Bookworm, em Beijing, a já citada Selexyz Dominicanen, em Maastricht, a Bookàbar, em Roma, e, na décima posição, a Atlantis Books, em Santorini, na Grécia.

www.publico.clix.pt

Tuesday, November 16, 2010

OS VIKINGS ESTIVERAM PIMEIRO NA AMÉRICA

quando Colombo voltou da América trouxe consigo ameríndios para mostrar aos europeus os humanos que existiam na suposta Índia. Mas há provas que os vikings podem ter feito o mesmo 500 anos antes. Uma equipa de cientistas encontrou em quatro famílias islandesas genes provenientes de uma mulher índia que terá sido levada para a Islândia no ano 1000 d.C..
O local arqueológico dos vikings no Canadá fica na Terra Nova (DR)

A descoberta foi publicada na revista Journal of Physical Anthropology.

Uma análise genética a mais de 80 islandeses destas quatro famílias mostrou que o ADN das mitocôndrias pertence a um grupo genético que existe hoje na Ásia e entre os indígenas americanos.

As mitocôndrias são estruturas que temos nas células para produzirmos energia, com material genético próprio, que recebemos pela via materna. Antes, pensava-se que a origem deste material seria asiático, mas os quatro antepassados comuns destas famílias situam-se entre 1710 e 1740 no Sul da Islândia.

“Como a ilha ficou praticamente isolada desde o século X, a hipótese mais coerente é que os genes correspondam a uma mulher ameríndia que foi trazida da América pelos vikings cerca do ano 1000”, explicou Cales Lalueza-Fox citado pelo El País, investigador do Instituto de Biologia Evolutiva da Universidade de Pompeu Fabra, Barcelona. O projecto contou com o trabalho de investigadores da Universidade da Islândia e da empresa farmacêutica Decode Genetics, de Reiquejavique.

Achados arqueológicos mostram que durante o século X os vikings colonizaram a região de Terra Nova, no Canadá. Durante o século XIII textos medievais islandeses descrevem esta conquista. A descoberta genética é mais uma prova desta colonização, e mostra que houve miscigenação entre os índios e os vikings.

www.publico.clix.pt

Thursday, November 11, 2010

COMBATE


Mercado do casamento? Mercado do amor? Odeio essa linguagem. Não tenho que ceder a essa linguagem. Há mulheres que me excitam. Mas não maçãs nem melões. Não as coloco no mercado. Odeio os mercados. Os mercados, os especuladores, os agiotas são o alvo a abater e, naturalmente, os políticos ao serviço deles. Sou daqui. Sou da Terra. Sou o filho do homem. Não me converteis. Não me mudais. Não entrais em mim. Não me fareis enlouquecer. Mesmo que as boazonas anunciem os bancos. Mesmo que os bancos te entrem pelos cornos acima. Não cederás. Este é o combate. Esta é a tua vida.

Monday, November 8, 2010

MANIFESTO ANTI-NORMALIDADE

Eu, António Pedro Ribeiro, 40 anos,
declaro que não sou um número
que não sou uma percentagem
que não sou uma folha do IRS
que não vou com a Maria
que vai com as outras
que rejeito o pensamento único
o homem calculável e colectável
a ideologia dominante
que amo as alturas, os cumes
onde se respira a liberdade
que rejeito o rebanho
a vida normal das pessoas normais
que sigo a via que conduz a mim mesmo
que não quero governar
nem ser governado
que não sou um detergente
nem uma folha de papel higiénico
que não estou na bolsa
nem à venda no mercado
que sou um livre pensador
um indivíduo soberano
que não sou espectador da sociedade-espectáculo
nem mercadoria
que quero as ruas cheias de poesia
que me entedio no dia-a-dia
no quotidiano da rotina
mas que ainda sou capaz de dançar
de cantar
e de me rir
nas vossas caras.

Wednesday, October 20, 2010

SALOON


Segundo apontamento biobibliográfico reproduzido na sua mais recente recolha poética, A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. Pode tratar-se de falsificação biográfica, mas não deixaria de ser congruente com a atitude do autor ter este nascido na data que marca as agitações revolucionárias francesas no período do governo de Charles de Gaulle. De facto, a poesia de A. Pedro Ribeiro ecoa, desses tempos, certos gestos e atitudes que, sem grande esforço, conseguimos entrosar na encruzilhada das esferas social e política. Saloon, o seu quinto título publicado, depois de Gritos. Murmúrios (1988), À Mesa do Homem Só. Estórias (2001), Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll (2004) e Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro (2006), compõe-se de elementos com uma outra esfera, muito mais subjectiva, onde reconhecemos um erotismo de pendor lascivo e a ameaça permanente de uma loucura com contornos tão íntimos quão sociais. De resto, sendo o autor licenciado em sociologia, não admira que seja o corpo social, nomeadamente urbano, aquele que mais se reflecte nestes poemas. Saloon, como nos westerns antigos, é apenas o ponto de encontro, muitas vezes o cruzamento onde os acidentes acontecem, dessas esferas, aqui disparadas umas contra as outras, em versos que lembram a arte de grafitar. Frases curtas, incisivas, raramente dão lugar, nesta poesia, a outra coisa que não seja o grito, o berro, a vontade de partir pedra, de atirar certeiro contra uma paisagem devastadora e repugnantemente adúltera. Essa paisagem é a paisagem de um tempo, de uma sociedade, de um país, percorrido nos seus casebres de Vilar de Mouros a Braga, do Porto a Castro Daire, de Vila do conde ao Gerês, da Póvoa a Lagos. Por estes lugares, o poeta vai deixando um rastro de pó, facilmente reconhecível, aqui e acolá, nas evocações dos saloons do nosso tempo, ou seja, dos cafés e das esplanadas, mas também na invocação de personagens, que tanto podem ser o revisor da CP no poema que dá título ao livro, as mulheres que se cruzam com o salteador como a gente anónima de todos os dias: «A noite morre / Mas ainda há gente que ri / gente que se cruza e encontra e desencontra / E freaks a entoar cânticos futebolísticos» (p. 27). O Luso e o Piolho, históricos pontos de encontro na vida nocturna portuense, são apenas dois exemplos dos balcões onde foram bebidos e vomitados alguns dos versos desta colectânea de A. Pedro Ribeiro. É pois esta uma poesia nocturna, da rua, da deambulação, que não enjeita a gíria comum - «em cascos de rolha» (p. 9), «fechas-te em copas» (p. 35) – e o chavão popular - «meio mundo fode outro meio» (p. 12) – na sua réproba demanda. A ideia de poema como anátema talvez não seja descabida de todo para uma possível caracterização desta poesia, conquanto o anátema seja aqui entendido no plano de tal subjectividade que há pouco evocava. As palavras de ordem, o ímpeto político, sofrem no nosso tempo o isolamento das testemunhas. O poeta, em posição voyeurista, acaba transformando-se num mero observador, acusador, denunciante, de um mundo do qual se sente deslocado, no qual se sente desintegrado. A loucura, seja ela consequência do que for, é já solução para essa desintegração, como solução parecem ser os paraísos artificiais de que falavam Thomas de Quincey e Baudelaire. “Cicatrizar as angústias que induzem o espírito à rebelião”, parece ser também um fim último destes poemas arrumados sob o título Saloon, um título que anuncia a entrada num universo delirante, alucinatório, esquizofrénico, como era o universo dos saloons do Old West. É o nosso universo, não é outro, é o universo que todos poderão constatar caso queiram assumir os olhos do poeta, caso queriam arriscar a loucura, o delírio, que é o de estar do outro lado da barricada, do lado oposto àquele onde a esquizofrenia acontece como uma valor que se promove e dissemina sem que alguém se dê conta.

HENRIQUE MANUEL BENTO FIALHO

Monday, October 18, 2010

REACESO


REACESO

A noite
e sempre a noite

A cidade acesa
a mulher que provoca

O desejo

Saber que ainda
existes…

DELÍRIOS


Vir à "Motina" tomar café. Tudo começa aqui de novo. O café alimenta a mente, faz-me escrever. Há vários dias que não vou à cidade. A D. Arminda explica a confecção dos bolos à cliente. Depois faz-lhe a conta. A D. Arminda diz também que delira com o bolo-rei. Eu deliro com outras coisas. Mas hoje não é dia de delírios. É dia de tomar café e de escrever à mesa.

SOLITÁRIO

Aqui em Vilar do Pinheiro e em Vila Nova de Telha sou um solitário incorrigível. Alguns perguntam-me se sou escritor, se vivo disso. Outras exibem-se para mim, de vez em quando dirigem-me a palavra. Àparte isso, coço a cabeça. Avalio a produção do dia. Leio exaustivamente o "Jornal de Notícias".

Sunday, October 17, 2010

CARTA À MINHA MÃE

CARTA À MINHA MÃE

Sabes, mãe,
eles deram cabo do Homem
sabes, mãe,
houve um tempo em que fui à escola
houve um tempo em que até trabalhei
mas agora cansei-me, mãe,
não posso mais ficar passivo
não posso mais assistir sentado
eles estão a dar cabo de mim

Sabes, mãe,
estas coisas vêm da infância
eu observava as coisas
era talvez o mais inteligente, mãe
mas não intervinha
contentava-me com o meu mundo
com os meus personagens
mas agora o teatro é outro
envolvi-me com o mundo
casei-me com o mundo
e eles estão a dar cabo
do nosso mundo, mãe
destroem a natureza
viram a natureza contra nós

Até podes votar neles, mãe
mas sabes, mãe, eu não sou como eles
eu preocupo-me com os meus filhos
e paro como as outras mães

Sabes, mãe, essa merda dos negócios
e do dinheiro
não me diz nada
gasto-o em dois tempos
quando o tenho
são papéis e pedaços de metal
que se trocam
nada mais
mãe, estou farto dos discursos deles
na televisão
é a mim que eles querem destruir
querem-me mole, fraco, deprimido
mas desta vez não vão conseguir.

Mãe,
eu sou o Homem.

Friday, October 15, 2010

RICHARD C. RAMER OLD & RARE BOOKS

Recent Portuguese Publications

Bulletin 63
August 2008

Part XVII:
Poetry

141. RIBEIRO, António Pedro. Saloon. Porto: Edições Mortas, 2005. Colecção de Lacraus. 12°, orig. illus. wrps. 45 pp. ISBN: 972-8313-49-7. $25.00
The author was born in Porto, 1968. He has published at least two other volumes of poetry, and founded the review Aguasfurtadas.

SPABILABOS

O projecto "Spabilados – Teatro Hedonista" nasce das necessidades de renascimento. Morre duas vezes e nasce três. Pois muta, permuta, e elabora-se na metamorfose da densidade e energia. A permanência produz-se nas vísceras termodinâmicas. Comove-se. Posteriormente locomove-se.

É uma serpenteação no visionarismo da expressividade desagrilhoada. Logo, prometeica. Acesa às ignições provenientes das águas primordiais. No caos homérico. Um devir para vontades esclarecidas.

Faz e desfaz enquadramentos cénicos do indivíduo enquanto ele próprio. Cosmopolita na relação com o cosmos. Sapiências de Demócrito, "a pátria de uma alma boa é o mundo inteiro". Reconstrução de si. Escultura plural das simbioses dos pequenos universos. Sinestesia.

Insinua prazeres que se revestem de si mesmos. Fins neles próprios. Andar sem andas. Codificações à artificação no engrandecimento. Quando uma coisa é maior que si mesma. Ciclos não circulares. Espiralizações. Um terceiro eixo.

Assim se conduz pela grelha filosófica, logo universalizável. Hedonista. A potência de existir pela desreligiosidade. Pela despolitização. Os encontros conscienciais com a consciência, o eterno reencontro. Com amores em visitas. Destrezas canhotas. Ou a hexabicicleta de duas rodas de Jarry. E ultrapassar comboios.

Despir os invólucros. Pornologia, ou as artes de pôr a nú. Com posterior invólucro criado numa liberdade irredutível. Ou a reformulação da descoberta. Navegações argonáuticas em rumo. Sem evangelizações. Sem locais físicos externos de chegada. Discursos interiores. Pois parte e chega do corpo. No corpo, como cena de teatralidade do pensamento. Acção e comunicação. Reacção à estupidificação.

Desmaterialização do real e reconstrução onírica. Planos internos visíveis. Do esotérico ao exotérico. Sem plumas. Mas com asas. Anti-platonismo com deambulação da diogénica lanterna. Um Homem com penas não é uma galinha. Nem o contrário. Demónios artaudianos à superfície. Arte arquitectada à conceptualização dionisíaca.

"Pois eu já fui rapaz e fui donzela, fui planta, e ave, e um peixe mudo que sai das ondas." de Purificações, Empódecles de Agrigento

por bruno miguel resende

Thursday, October 14, 2010

PAREDES DE COURA (FODIDO DOS CORNOS)

As caras olham-te
E sentes-te em cima
As caras olham-te
E sentes-te em baixo
Os boatos correm
Foges das caras
Partes vidros
Intriga assassina
Ai! A minha vida

Os poetas malditos amam-te
Os outros ignoram-te
Dão cabo de ti
A mulher que amas
Fugiu para a Venezuela
Os polícias vigiam-te
Cospem na tua literatura
As outras adoram-na
Mas não te entendem

Chamam-te palhaço e não fazes caso
Dizem que o teu mestre era um bebedolas
Em Atenas
E não fazes caso
Dizem que és um desordeiro um alcoólico
E pedem-te “Borboletas”
Dizem que a tua mulher só te quer
Porque agora és uma estrela
O gerente persegue-te obcecado pelas tuas dívidas
Mas tu não dás troco
És realmente uma estrela mas continuas teso
Os vidreiros atrás de ti
E continuas teso

Defendes os guerrilheiros da Colômbia
E chamam-te canalha
Defendes os teus ideais e dão-te porrada
Apresentas o teu livro e dão-te patadas
Julgas-te o maior, dizes patacoadas
E cais bêbado na esquina
Vais ter com o caos e não sacas nada
Vais fornicar ao cais e espetam-te a faca
Vais à procura da luz e só encontras merda
Estás com alucinações e és alvo de chacota
Deves o cacau e apertam-te o cerco
És um animal de palco
E não consegues sair do transe
És uma puta do rock
E sobes aos céus até cair até à veia
Nunca mais vais saber se a plateia
Te ama ou te odeia

Ouves os aplausos
Mas estás fechado em casa
E as mulheres só aparecem
Quando andas agarrado à cena
Amam-te e armam-te ciladas
Provocam-te fazem-te enlouquecer no hotel
Com os orgasmos da gaja do quarto de cima
Depois acusam-te de tráfico de droga
Não sabes onde estás
Com quem estás
Onde vais
E escreves coisas supostamente geniais
Para agradar à populaça

Queres mulheres e elas não vêm
Queres mulheres e elas fogem
Do whisky, da maldição, da subversão,
Da vida que queres
Queres mulheres e elas caem
Querem filhos, casamentos, rotinas, obrigações
Queres mulheres e já não queres
Porque estás para lá
E andas fodido dos cornos
E só te apetece beber mais.

Wednesday, October 13, 2010

ÁS VOLTAS, SEM CHETA

ÀS VOLTAS, SEM CHETA



António Pedro Ribeiro



Velhos conhecidos a deambular pelas ruas de Braga. Velhos conhecidos meus a cumprir o dia, às voltas, sem cheta. Da "Brasileira" à Arcada, da Arcada à "Brasileira", às voltas, sem cheta.


Nos cafés já mal tolerados, às voltas, sem cheta. Por onde anda a dignidade humana, às voltas, sem cheta?


Eis o que o mercado dá, às voltas, sem cheta? Que sociedade é esta que nega o homem, que o atira para a valeta?


Quantos Sarkozis há por aí, quantos matam a vida, às voltas, sem cheta?


À procura de um canto para dormir, às voltas, sem cheta. Pela cidade à deriva, às voltas, sem cheta.


Quanto vales na Bolsa, às voltas, sem cheta?


Porque não te fizeste à vidinha, às voltas, sem cheta? Porque não te adaptaste à máquina, às voltas, sem cheta?


Quem fez este mundo, às voltas, sem cheta?


Quem és tu hoje, às voltas, sem cheta?

www.freezone.pt

Saturday, October 2, 2010

A GORETI NO BIG BEN

ESPERO POR TI, GORETI


Espero por ti, Goreti
às quatro da manhã no "Big Ben"
espero por ti, Goreti
apesar de saber que estás na Madeira
a mares de mim
a mares das àguas
que bebo aqui
espero por ti, Goreti
no meio da fala da puta
da puta que fala
e dos chulos que se amontoam
em redor
espero por ti, Goreti
apesar de ter gasto o cacau todo
nos bares das redondezas
depois da entrevista na Rádio Casa Viva
depois da Idade Média
no "Armazém do Chá"
e dos outros sítios da moda
onde um gajo se sente como o Lou Reed
Take a walk on the wild side
espero por ti, Goreti
porque hoje até vi o Santo Graal
no "Piolho"
e dei dois euros ao mendigo
espero por ti, Goreti
no meio dos rufias da noite
após uma hora de conversa
com o Zé Pacheco
o escultor
que me passou três euros para a mão
sem eu lhe pedir nada
e a puta que fala
e não se cala
já as conheces há 2000 anos
e continuas a andar
a entrar nas casas
como entravas
e a puta que beija
e a puta que vai
e o empregado
que fala nos quintos do inferno
e até já me sinto nas minhas quintas
e até já volto a pedir cerveja
sou a estrela
e a barriga enche
e o Adriano goza
e o marquês de Sade
já ninguém se escandaliza
mal sabem elas
as palavras do divino
espero por ti, Goreti
e ando a estoirar o dinheiro
do Campo Alegre
assim
como se fosse nada
e a puta fala
e a outra puta não vem
não há aqui
estrelas do rock n' roll
só o gajo
a escrever à mesa
e o pessoal que fala
como a puta
de boina
brasileira
que bebe
e já não saca
mas dá lições de moral
à clientela
e que se vai
e nos deixa sós
com umas estranjas insossas
espero por ti, Goreti
e inauguro o caderno
e sinto-me como Allen Ginsberg
sabes, tens razão
há pessoas que não valem mesmo nada
e o Socrates hoje até foi derrotado
na Assembleia da República
e os gajos só falam
da pen e das gigas
e já não há putas
nem travestis
para animar esta merda

resta-me esperar pelo metro
e aturar estes matrecos
que não dizem
a ponta de um corno
espero por ti, Goreti
e o "Big Ben" já não é
o que era
por todo o lado
me tratam
como ao príncipe da Baviera
já não sou o que era
quando armava confusões
e não tinha um tostão
amanhã não vou sair da aldeia
~vou dar dinheiro aos de lá
sempre é a terra do meu pai
não me fica mal
o pessoal junta-se todo nos sítios
e os outros ficam ás moscas
é tudo uma questão de moda
top-model
como tu poderias ser
e entram os freaks
e pedem sanduíches
e o rock n' roll rola
e telefonei a horas á minha mãe
agora durmo com máscara
por causa da apneia
vai-te deitar, mãe
não fiques á minha espera
que eu hoje estou no rock
andei a fazer observação participante
como se dizia na Faculdade
e já só tenho vontade
de continuar a escrever
espero por ti, Goreti
e já não há putas
no "Big Ben"
anda tudo bem comportadinho
a falar de cabos
e playstations
como o Rocha
que apareceu no "Orfeuzinho"
e me pagou o cafézinho
não suporta o Red e o Dick
mas eu não tenho preconceitos
aprendi com o Nietzsche
já o disse na entevista
espero por ti, Goreti
e a mulher e a namorada
está entretida com o computador
enquanto o gajo olha para a TVI
até parece que os gajos
me querem filmar
sou uma estrela
há gajos que me reconhecem
mas as gajas não me dão
beijos na boca
deve ser por causa da barriga
é por causa dos fritos
e do pão
a cerveja já não conta
até a deito fora
a partir de certa hora
é veneno
mas juro que no "Piolho"
bebi o Graal
estava a micar uma gaja
que estava a escrever
eu conheço-a
não sei de onde
até ensaiei em Vila do Conde
na praia
onde há gajos a pescar
não sei o quê
vá-se lá perceber o homem

Espero por ti, Goreti
e ainda há gajos que dão
as boas noites
a toda a gente
que se armam
em presidente
e o Sócrates
e o Vara
e o Godinho
são todos um docinho
deviam ir todos presos
apesar do Reinaldo
e dos indefesos
ide todos dar uma volta
o homem controla
e ordena
e isto está uma bruta seca
espero por ti, Goreti
e vou ter de pedir mais cerveja
é mais forte do que eu
estes gajos fazem-me a cama
e só me pedem cartão
e eu vou até
ao fim do filão
este pessoal dos bares
desconhece o "Big Ben"
fica mesmo junto à estação
não há que enganar
está tudo fodido
mas é o que está a dar
espero por ti, Goreti
e aparecem gajas
para um gajo olhar
não são grande coisa
até vou mijar
espero por ti, Goreti
e até dou espectáculo
faço piruetas
equilibrismo
e até nem fui dançar
as putas falam comigo
mas eu já gastei o cacau
sou o maior
sou um carapau
espero por ti, Goreti
e nunca escrevi como hoje
se me tivesses ligado
era outra dose
espero por ti, Goreti,
não sou o Pablo Neruda
sou mais como o Ginsberg
levo tudo à bruta
espero por ti, Goreti
e esta merda não muda
um gajo bem diz umas coisas
mas a gaja é surda
espero por ti, Goreti
e não se passa nada
o cabrão fala, fala
e nunca mais é
de madrugada
o gerente inteligente
mas põe-me doente
e anda tudo com
um sorriso "pepsodent"
espero por ti, Goreti
e isto nunca mais acaba
o relógio não avança
e não se passa nada
ninguém fala do Sócrates
nem do Vara
anda tudo de tola avariada
espero por ti, Goreti
e sabes que te espero
e sabes que te quero
até ao fim.


Porto, "Big Ben", Novembro de 2009

Monday, June 14, 2010

POESIA DE CHOQUE

POESIA DE CHOQUE

António Pedro Ribeiro e Luís Carvalho apresentam mais uma sessão de POESIA DE CHOQUE na próxima quinta, 17, pelas 22,00 h no Clube Literário do Porto. A poesia a abrir e a arder pela noite e pelos copos.

Saturday, May 8, 2010

UM POETA A MIJAR


O título da mais recente colectânea de A. Pedro Ribeiro enviou-me para uma tal de «poesia diurética», expressão usada por Luís Adriano Carlos na introdução a Alegria do Mal, reunião da obra poética de José Emílio-Nelson. Todavia, a poesia de A. Pedro Ribeiro, ainda que declaradamente abjeccionista, nada tem de diurético, procurando antes os caminhos do manifesto, de uma notória obstinação e de uma disfarçada abnegação. Um Poeta a Mijar, editado pela Corpos, surge depois de Saloon, um volume saído nas já clássicas Edições Mortas. Muita matéria os liga, até porque a forma descarnada como A. Pedro Ribeiro se expressa não dá lugar a grandes desvios, inflexões temáticas ou inovações de conjunto. O que é curioso notar é que estes poemas-manifesto, nessa sua forma descarnada, apresentam-se-nos também como um disfarce, o disfarce do poeta maldito autoproclamado, aquele que rejeita as cátedras não porque nada tenha que ver com elas mas porque nada quer ter que ver com as mesmas, o anónimo que opta por trabalhar apenas dois dias por semana para poder passar o resto do tempo a «pensar, criar, partir a loiça» e «observar discretamente / o balançar de ancas da vizinha». O tom não é tanto de galhofa como parece ser de insurreição, é um tom que se manifesta cruamente na consequência de retratos sociais e ilações morais fundamentadas na experiência dos dias, na vagabundagem intelectual, no estilo pouco fundamentado da gente mais comum: «a vida é uma merda». Entram o futebol, a televisão, o euromilhões, os casos políticos, a Internet, os telemóveis, a polícia, como marcos de uma vertigem social e de uma alienação colectiva que o poeta traz para a sua poesia num sentido meramente crítico e purgativo. A par destas expurgações, o sexo, o álcool, a música, aparecem enquanto metáforas vivas e vividas de uma vontade de escapar ao que se julga ser o fado alienante da maioria dos portugueses. A existir uma poesia pop, esta é uma poesia punk. E, tal como no género que os The Sex Pistols imortalizaram, a música é a da celebração da guerrilha, da vontade, do motim, do desvio enquanto caminho possível, enquanto fuga possível, enquanto atalho para uma vida menos morta ou, se quiserem, para uma morte mais vivida. Um poema mais longo, A Ilíada de Velvet, assim como os exercícios em prosa automática intitulados Borboletas, Ode a Jim Morrison, Satã Comeu a Cortesã e O Meu Reino Não É, ou mesmo os dois apontamentos micronarrativos Rock N’ Roll e A Valsa da Elsa, são textos paradigmáticos dessa postura que uns considerarão antipoética, outros julgarão gratuita, alguns tenderão a classificar de panfletária. Quanto a mim, prefiro ver nestes cantos um grito espontâneo, um ruído que nos aproxima daquela loucura que nos salva da normalidade, a atrofiante normalidade dos dias. Prefiro ver nestes cantos, e na voz escalavrada do poeta, um alívio instintivo. Este é, sem dúvida, o livro de um poeta a mijar, de um poeta a aliviar-se dos detritos agressivos que o enchem, incham, infectam no decorrer dos dias. Não é um livro simples como possa parecer. Nenhum livro é simples como parece. É um livro informal, onde a experiência aparece incorporada numa mescla de denúncia, teatro grotesco e eucaristia festivaleira. Não é mais um livro com um programa satírico, de escárnio e mal dizer, não é irónico nem deixa de o ser, não é diurético e, mesmo que possa relevar inclinação abjeccionista, não é de carimbar com ismos e de colocar nas prateleiras ao lado das centenas de livros classificados e classificáveis que diariamente chegam às livrarias. Porque este é, sem dúvida, o livro de Um Poeta a Mijar: «O poeta dirige-se à casa de banho e mija / Sim, porque os poetas também mijam e cagam / Não passam a vida a escrever versos e a apurá-los / Não passam a vida a fazer horas / E a aturar chatos no café / Não andam sempre a micar as meninas / para lhes oferecer poemas / Com fins libidinosos. // O poeta dirige-se à casa de banho e mija» (p. 36).

HENRIQUE MANUEL BENTO FIALHO

Friday, May 7, 2010

NADA MAIS

Cá estou de novo no Piolho. Desta vez a beber café no Piolho. Há uma gaja que me segue. Que venha ter comigo. Na Grécia a revolução rebenta. Tens de te manter alerta, companheiro. Tens de ir atrás da estrela. Chegou realmente a hora. Está a chegar. E tu no centro do mundo. Já não escreves para meia-dúzia de caramelos. Escreves para o mundo. Vais atrás do mundo. Ou o mundo anda atràs de ti. ÉS realmente o centro do universo. Mesmo que eles não saibam. This is the way, step inside. Mas ainda tens de ter cuidado. Ainda não está tudo nas tuas mãos. É o preço da revolução, como dizes. Só te faltam mais uns trocos. Estás a uns trocos de atingir o Nirvana. Ah! Ah! Ri-te, ó poeta! Ri-te na cara dela. Vai até ao fim. Em Berlim, em Merlin. Valha-te o Santo Graal. É por isso que ainda tens pena deles. Daqueles que bebem cerveja e comungam como tu. És a caneta. És aquilo que escreves. Não há aqui correctores nem professores. És inteiramente tu. E Nietzsche abandona o Piolho. Escreves como um doido. Vais até ao fim. É apenas isto. Não há mais conversa.
É o poeta que regressa. O homem dos bares e da noite. 21:00 H. Só tens cacau para mais um fino. De resto, estás nas mãos de Deus. A gaja nunca mais telefona. E tu aqui no pIOLHO. As gajas bebem coca pela palhinha. ÉS quem és. Nada mais.

Wednesday, May 5, 2010

JOAQUIM CASTRO CALDAS


Joaquim Castro Caldas


Foi o Joaquim Castro Caldas que me ensinou a dizer poesia. Foi o Joaquim Castro Caldas que me mostrou aquele jeito rebelde e sarcástico de lidar com as palavras. O Joaquim foi o mentor das noites de poesia no Pinguim quando uma multidão acorria àquele bar no Porto para ,simplesmente, ouvir e dizer poesia. O Joaquim foi um dos maiores divulgadores da poesia neste país. E era, também, um excelente poeta. Quando escrevo estas linhas o Joaquim se não está morto deverá estar às portas da morte. Agora é fácil culpar o álcool, as úlceras, a vida que o Joaquim levava. Agora toda a gente vai procurar os escritos que o Joaquim deixou por aí espalhados. O Joaquim Castro Caldas tinha um feitio difícil. Por vezes, parecia arrogante. Mas por detrás dessa aparente arrogância havia uma grande generosidade. A generosidade de quem viu o inferno mas também o céu. A obra do Joaquim não teve o reconhecimento que merecia. Porque o Joaquim era um verdadeiro poeta. Levou uma vida de poeta. Andou pelos bares, procurou a loucura. Não foi um desses versejadores da corte, bem comportadinhos, sempre à cata do prémio. Olha, Joaquim, espero que te safes desta. Senão vai para o céu. Vai para o céu, porque o mereces.

António Pedro Ribeiro
Acordar cedo e começar a trabalhar. Raramente faço isto. Mas sabe bem acordar de manhãzinha, dar umas voltas pelo quintal e reler "Ecce Homo" de Nietzsche. Não poderia estar melhor.



Estou em grande, dizem alguns. Mas é preciso que a fama ou a ilusão da fama não me suba à cabeça. É preciso manter uma certa postura sem nunca me converter ao sistema.

Tuesday, May 4, 2010


Saí do médico. Só tenho consulta daqui a três meses. Estou em Matosinhos. (...) Como diziam do Jim, estamos a caminho de nos tornarmos qualquer coisa de novo, qualquer coisa de diferente ainda em vida. Alguns dizem que temos uma amabilidade, uma afabilidade que já não se usa. Sabemos perfeitamente, agora sabêmo-lo perfeitamente, que o que conta não são as contas, o que conta é o que vai no espírito e no coração. O que conta é o homem que produz, que cria, que interroga, que questiona. O homem que procura o sentido da vida e que o encontra na mulher que passa. Pode até não ter o paleio e a conversa fácil de outros amigos, dos monopolizadores de conversas, mas sabe que é essa a verdade, sabe o que realmente interessa. Mas isto sem mulheres, sem as mulheres bonitas, sem as ancas a gingar é realmente uma seca.

O POETA É O QUE É

No local do crime
no "Labirintho"
ninguém fala ao poeta
e o poeta escreve
e o poeta bebe
o poeta nada mais
tem a dizer
não há Susana
nem Alexandra
nem Gotucha
só uns casais que entram
e o poeta bebe
nada lhe resta
senão beber
e ficar à mesa
a bebida faz parte
do seu trabalho
a bebida é
o seu trabalho
o poeta escreve
o poeta é louco,
minha mãe,
sabe umas coisas
que os outros
nunca experimentaram
entedia-se com
a rotina do mundo
detesta a vida
casa-trabalho-casa
tem de ir sempre
mais além
não se contenta
com uns versinhos bonitinhos
o poeta bebe
enquanto não rebenta
é essa a sua sina
vai ao fundo
escreve
procura-se
a si mesmo
não quer saber
de conversinhas
nem das palavrinhas
da conveniência
e da virtude
é doido
e assume que o é
não está na vossa onda
não se deixa levar
pelo canto da sereia
a não ser que a sereia
seja a mulher
que ele quer
não precisa sequer
do vosso paleio
da vossa treta imbecil
do tem que ser
dos chefes
dos governos
dos filhos da puta
o poeta é o que é
já viu o que tinha a ver
é a noite fora
no bar até ser dia
é a noite na praia
às voltas
ou no banco do jardim
o poeta é o que quer
ponto final.


Porto, Labirintho, 20.4.2010

Não estou como Nietzsche. Não dou grandes passeios nem me entrego totalmente à obra. Passo muito tempo na cama. Também não encontro nada de interessante para fazer. E não posso passar o dia a ler e a escrever.

Wednesday, April 28, 2010

SON OF GOD

Son of God
filho de Deus
que procuras?

Não és daqui
nem de nenhum lado
o sol ama-te
a morte não é o fim
que queres agora?

Son of God
filho de Deus
que procuras?

No deserto do café
no caos da pátria
filho de Deus
quem procuras?

Eles olham-te
elas querem a tua cara

o grito é divino
mas o som não passa

Filho de Deus
Son of God
quem procuras
que te falta?

Monday, April 19, 2010


A Sandra falou numa performance à porta d' "A Brasileira". Uma cena de sacar dinheiro sem andar a mendigar para a família numerosa nem para as alminhas. Uma performance sem dizer poesia.

AQUI SE VIVE A VIDA

Queria viver permanentemente em Braga e vir todos os dias à "Brasileira". Acho que seria verdadeiramente mais feliz, que me sentiria mais pleno e em casa, que teria menos dias de tédio e de tristeza. Aqui até a conversa das velhotas me soa menos enfadonha. Aqui até os burgueses me parecem menos quadrados. Aqui se vive a vida.

Saturday, April 17, 2010

O DIA TRIUNFAL

Estou em Braga e este é um dia triunfal, um dos mais felizes da minha vida. Tenho apenas uns trocos mas sou feliz. Abençoado por Zaratustra e pelos pássaros da manhã. Sou a criança sábia. Estou a regressar à infância. Não tenho de fazer pactos com a social-democracia nem com os Sócrates deste mundo. Não tenho de me ajoelhar diante do grande capital ou dos senhores do dinheiro.

Sou um homem livre. Escrevo o que quero. Assumo o que quero. Sou o que quero. Nem sequer preciso de Deus, caro padre Mário. Basta-me o Jesus que expulsou os vendilhões do templo. Expulsar os vendilhões do templo, é isso que temos de fazer agora. Expulsar os senhores do dinheiro, do poder. Expulsá-los da vida. Eis a nossa missão na Terra. Demandar o Graal, o sagrado feminino, o amor das mulheres. Não devemos nada a ninguém.

Entraremos na casa das pessoas como Jesus. Sem dinheiro. Somos deuses. Comportamo-nos como reis no mundo do dinheiro, da intriga, da mercearia. Não podemos ser iguais aos outros. Nascemos de graça, na graça do divino. Nascemos e vivemos na dádiva, no coração, no espírito. Somos absolutamente livres. Amamos a eternidade do instante. Por isso, às vezes somos doidos, completamente fora. Não temos limites. Não somos formatados pela tradição ou pelo medo. Dançamos na corda bamba de Nietzsche. Provocamos como Debord, como os surrealistas, como os dadaístas. Gozamos com o quotidiano imbecil dos outros porque queremos provocá-los, trazer-lhes a luz.

E é a luz que vemos neste momento. A luz que queremos trazer aos outros, aos que ainda não estão completamente mortos para a vida. É a vida que queremos, não a vidinha das trocas, do mercado e do tédio. Sentimo-nos iluminados mas não somos mais do que os outros. Apenas diferentes. E exigimos sermos respeitados como tal. Somos do mundo. Deste mundo e não do outro. Profundamente deste mundo. “Humanos, Demasiado Humanos”. Desde a infância que pensamos mais do que os outros, que questionamos mais do que os outros, que observamos a realidade mais do que os outros. Nascemos com um dom. Já atravessamos muitos desertos, muitas idades de dor mas agora estamos curados. Estamos de volta á Idade do Ouro dos anos 80 e 90. Mas mais sábios, mais purificados, mais livres. Estamos prontos para enfrentar a cidade. Chegámos à idade de passar a mensagem. Este é o poema. O poema em prosa que há muito queríamos escrever. O poema bendito e maldito. O início do novo livro. O livro que pretende mudar a face da Terra. O livro que se dirige ao mundo. O livro que escrevo com o meu próprio sangue.

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Monday, April 12, 2010

PEDÓFILOS

Dois intelectuais ateus britânicos querem que o Papa Bento XVI seja detido por "crimes contra a humanidade", quando visitar o Reino Unido, na sequência de acusações de que o chefe da Igreja Católica teria encoberto padres pedófilos.
O chefe da Igreja Católica é acusado de ter protegido padres pedófilos (Tony Gentile/Reuters)

O cientista Richard Dawkins e o autor anglo-americano Christopher Hitchens tencionam recorrer, para isso, à justiça britânica e ao Tribunal Penal Internacional (TPI), de Haia, disse o seu advogado, citado pelo diário "Guardian".

A Justiça britânica pode emitir mandados de captura contra estrangeiros em visita ao Reino Unido. Em Dezembro passado, a ex-ministra israelita dos Negócios Estrangeiros israelita Tzipi Livni anulou uma viagem a Londres após a emissão de um mandado, na sequência de queixa de uma associação pro-palestiniana. Após caso, o Reino Unido prometeu reflectir "com urgência" sobre a sua legislação. Em 1998, o antigo ditador chileno Augusto Pinochet foi preso no Reino Unido na sequência de um pedido da Justiça espanhola.

Ouvido pela AFP, Dapo Akande, especialista em Direito Internacional da Universidade de Oxford, considera, no entanto, que a intenção de deter Bento XVI não tem "qualquer hipótese" de êxito, uma vez que o Papa beneficia de imunidade "enquanto chefe de Estado" reconhecido internacionalmente. O académico recorda que uma tentativa semelhante fracassou há cerca de dois anos nos Estados Unidos.

Opinião diferente é a do advogado dos dois intelectuais, Mark Stephens, segundo o qual a imunidade não se aplica neste caso porque o Vaticano "não é um Estado", uma vez que não cumpre certos critérios, como a existência de uma população.

O Papa "não está acima da lei", disse Christopher Hitchens, citado pela imprensa britânica. "A dissimulação institucionalizada de violação de crianças é um crime em todas as legislações."

Bento XVI tem sido acusado de encobrir padres pedófilos num período anterior à sua escolha para líder da Igreja.

Richard Dawkins e Christopher Hitchens são considerados figuras de proa do "novo ateísmo", que preconiza uma atitude mais crítica da religião.

Quanto a uma eventual queixa no TPI, Adam Roberts, professor de Relações Internacionais de Oxford, considera-a "difícil de imaginar". "Seriam necessárias provas sólidas de que os actos incriminatórios fazem parte de um ataque sistemático e alargado contra uma população civil. É difícil imaginar que o TPI considere os abusos sexuais de padres católicos como esse género de crimes."

Friday, April 9, 2010

O HOMEM DE BARBAS AO ESPELHO

O homem de barbas ao espelho escreve à mesa.
O homem de barbas ao espelho pensa na vida.
O homem de barbas ao espelho olha a deusa.
O homem de barbas ao espelho cofia as barbas.
O homem de barbas ao espelho faz literatura.
O homem de barbas ao espelho canta na rua.
O homem de barbas ao espelho celebra a vida.
O homem de barbas ao espelho bebe cerveja.
O homem de barbas ao espelho vai à merda.

Monday, April 5, 2010

ROBERTO PIVA

vou moer teu cérebro. vou retalhar tuas

coxas imberbes & brancas.

vou dilapidar a riqueza de tua

adolescência. vou queimar teus

olhos com ferro em brasa.

vou incinerar teu coração de carne &

de tuas cinzas vou fabricar a

substância enlouquecida das

cartas de amor." (20 Poemas com Brócoli, 1981)

DÁ-ME ABRIGO

Toda a minha concepção do mundo, toda a minha filosofia resvalam perante ti. Vens e tudo se altera. A empregada bonita do café não me satisfaz. O discurso altruísta do Soares não me satisfaz. As saídas com as amigas não me satisfazem. Dá-me abrigo nem que seja no teu corredor.
Vens e tudo se altera. O mundo é outro. O mundo és tu. Vens três vezes ao ano. Tudo se altera. Braga já não vem. Braga já não é. Vens e já não estou contigo. Perco a vontade. Perco a bondade. A vida perde o sentido. Sem ti. Dá-me abrigo nem que seja no corredor.

Sunday, April 4, 2010

PALAVRAS DE JESUS


ACTIVIDAD SAINT GERMAIN

PALABRAS DE JESUS DESPÚES DE SU ASCENCIÓN.

(extracto del libro original)

Mirtha Verde-Ramo.

“Una vez que hube completado la misión que me trajo a la Tierra y después de haber descendido en la noche de la inconciencia que solamente duró por espacio de tres horas , luego de haber entregado Mi corriente de Vida en la cruz, recobré Mi conciencia y pude contemplar Mi cuerpo yaciendo en una loza de piedra.

¡Cuán llagado estaba ese hermoso elemental , en la forma de Jesús, mi identidad física para la Tierra ¡

¡Cómo podía ahora contemplar, vivir y experimentar lo que verdaderamente significa la Vida Eterna, ya que me encontraba en un estado de absoluta lucidez, paz y armonía¡

Ningún sentimiento opacaba mi mente en desacuerdo, pena o dolor por el trato recibido, al contrario una enorme oleada de compasión y comprensión Divinos me inundaban en ese momento por completo y solo podía experimentar y vivir la Luz. No necesitaba perdonar porque ¡ MI SER ENTERO ERA EL PERDÓN ¡ Y YO ERA EN VERDAD EL AGUA Y EL PAN DE VIDA¡

Inclinado ante Mi cuerpo, en la forma de Jesús, me encontraba, cuando de pronto una Luz potentísima de resplandores Divinos inundó todo el lugar.

Cuando levanté Mi visión etérica, contemplé el imponente rostros de Mi Maestro el Cristo mirándome como sólo un Padre puede hacerlo con su hijo, y mientras le miraba llegaron hacia Mí Sus poderosas palabras. “ Es ya el momento en que se cumpla lo acordado antes de estos acontecimientos, Aquí vienen a asistirte estos dos Grandes Seres quienes se han ofrecido voluntariamente como Padrinos tuyos para este Feliz día de tu nacimiento cósmico en la Victoria de tu ascensión. Ellos son , el Jerarca del Templo de Luxor , del cuál recibiste instrucción a muy temprana edad cuando estuviste en Egipto , el Amado Maestro Serapis Bey, y el otro maravilloso Ser que te ha acompañado desde siempre y también a tu dulce madre Maria , quien es el Bendito Arcángel Gabriel, quien ha estado presente en todo instante acompañándoles.””

Apenas terminé de escuchar estas palabras nuevamente recosté Mi forma etérica en Mi tan herido y golpeado tabernáculo Físico.

Sin perder la conciencia, de allí en adelante seguí paso a paso las instrucciones dadas para Mí por Mi amado Padre el Cristo Maitreya, el cuál sin perder un segundo más, me entregó todas las claves para empezar a ascender mi materia . Este proceso duró aproximadamente treinta minutos, después de lo cuál logré la muy esperada Victoria y Perfección en la Luz a través de la Ascensión.

El Maestro Serapis Bey y el Arcángel Gabriel me sostuvieron todo el tiempo en que duró todo este proceso, mientras la Flama blanca Electrónica se encontraba ardiendo ininterrumpidamente, magnetizando cada célula de Mi cuerpo Físico con la Pureza Del Poder y Fuerza de Su Victoriosa acción.

Luego de que mi cuerpo se hubo absorbido con la amplitud de la Flama Cósmica de la Vida Eterna, ambos Seres me llevaron al Templo de la Resurrección en el cuál permanecí por espacio de veinticuatro horas , cumpliéndose así los tres días de mi muerte en el Plano de la Tierra.

Antes de aparecerme frente a María de Magdala , ya había absorbido las experiencias ocurridas durante Mi Ministerio en la Tierra.

Cuando llegó el momento de estar frente a ella, no le permití que me tocara por la radiación altísima de los electrones de Luz con los que estaba cubierto ahora Mi cuerpo etérico, , ,los cuales eran de Puro Fuego Blanco incandescente, y al contacto Físico queman mucho más dolorosamente que por la acción del Fuego Físico.

Hay escritos que aseguran y aseveran que fue por el estado impuro de María de Magdala que no le fue permitido tocarme, y Yo Ahora a través de esta experiencia en que proyecto Mi rayo de Luz y Sonido, reivindico la imagen de la que es hoy Mi Amada Llama Gemela y cuyo nombre en los Planos ascendidos se conoce como la Amada Maya .

Cuando Me presenté horas más tardes frente a Mis discípulos encomendándoles la expansión de todas las enseñanzas y experiencias vividas durante los tres años que duró Mi Ministerio , una de las cosas que más les enfaticé , previniendo el precio que cada uno debería pagar por difundir la Luz De Dios `por todas partes, fueron las siguientes.

¡YO SOY LA ETERNA VIDA QUE VENCE TODA CIRSCUNTANCIA NETAMENTE HUMANA , PORQUE YO SOY ESE CÁLIZ DE VIDA ETERNA¡

VIGILA CON JESUS.

EL FRUTO QUE FUE HECHO

SOSTUVO EN LA FORMA DEL HOMBRE

LA COPA , PARA QUE EL MISMO CRISTO

FUERA DERRAMADO A TRAVÉS DE SUS OJOS,

SUS PALABRAS Y SUS MANOS .

COMO BUEN PASTOR

CAMNANDO AL LADO DE LOS GENTILES

Y DE LOS EXTRAVIADOS

DE LOS SANOS Y DE LOS ENFERMOS ,

DE LOS RICOS Y DE LOS MENESTEROSOS,

CON UNA SOLA DE SUS MIRADAS DE LUZ,

A TODAS A QUELLAS ALMAS UNGIÓ,

EL BUEN PASTOR A TODOS ELLOS ALIMENTÓ.

CRUZANDO POR LOS SENDEROS DEL MUNDO

SUS PALABRAS FLORECÍAN

Y HASTA LAS AGUAS DANZABAN

LAS PIEDRAS DEL CAMINO TAMBIEN SE ESTEMECÍAN

Y TODA LA VIDA A SU ALREDEDOR BULLÍA,

CON UN ESPLENDOR DE RENOVADA VIDA ,

HASTA LOS CIELOS ACLAMABAN SU ANDAR PAUSADO

SU RISA SUAVE Y SU TERNURA,

DADORA DE ALEGRÍA.

POR ESTOS CAMINOS, QUE SON LOS MISMOS,

QUEDARON MARCADAS SUS HUELLAS Y QUE AÚN

PERMANECEN, DESAFIANDO LOS TIEMPOS

SON HUELLAS ETERNAS DÁNDONOS LA RESURRECCIÓN.

Sunday, March 21, 2010

A CARINA


Lá se foi mesmo a Carina. Aqui na "Ribeirinha" as empregadas andam sempre a mudar. E a limpar o chão. Vá lá que ficou a loira boazona. É simpática. Já me olha com outros olhos. Mas não era isto que eu queria escrever. Ontem tive um forte ataque de asma. E ainda há pouco tive de usar a bomba e a máscara para me sentir melhor. Diários. É o que eu escrevo. E além disso a barriga está cada vez maior. Sou um artista. É isso que sou. A menina limpa. Fala com a colega. O antigo patrão reúne com o novo matulão. As gajas riem. Definitivamente isto está com pouca clientela. E o matulão deve pagar pouco às gajas. Mas não era isto que eu queria escrever. Eu quero escrever como os eleitos. Eu quero escrever como os doidos. Eu quero escrever sem limites. Eu tenho de ser "o Poeta". Não um mero poeta de café mas também não um poeta de colóquios, não um poeta estabelecido.

Saturday, March 20, 2010

O BEIJO NA BOCA


O BEIJO NA BOCA

A. P. Ribeiro*

Uma cervejinha sabe bem
a olhar para o programa do atrasado mental
enquanto leio o Guy Debord

Nos períodos em que a revolução está distante
é nos círculos poéticos que se conserva a ideia de totalidade
é isso: a ideia de totalidade, de homem total
está para lá da economia
está para lá do cálculo mesquinho e mercantil
está no Artista
no poeta que cria à mesa
que chama o gerente
e pede mais uma
quando há cacau para a cerveja
o mundo pula e avança
e o poeta também
o poeta escreve
abre mundos, abre portas
o raciocínio corre célere
esquece que a Gotucha não está
olha para o cu da gaja
o poeta tem a humanidade à sua mesa
não está só
apesar de o estar
vai pedindo mais cerveja
comemora o ano novo
com um dia de antecedência
a pança enche
há pouco estava triste
agora rejubila de alegria
não sabe bem porquê
o poeta nem sempre usa a razão
deixa a pena correr
chama o gerente
-uma cerveja, se faz favor!-
que isto hoje está a render
está em causa o futuro da humanidade
o poeta está feliz e o gerente traz a cerveja
de sorriso rasgado:
"cá está um bom cliente
um cliente que consome e que está feliz
um cliente que pede a cerveja com alma"
o gerente não pergunta o que o poeta escreve
mas isso também não importa
o que importa é que o poeta-cliente está feliz
e produz
hoje nem sequer pensa em motins e revoluções
tem uma perspectiva holística
vê o homem total
o homem que está de bem consigo próprio
que está de consciência tranquila
que até se ri do programa do atrasado mental
e da diva televisiva de fim de ano
mas continua a não poder ver o primeiro-ministro
sempre que vê o primeiro-ministro o semblante altera-se
sempre que ouve o primeiro-ministro chovem cobras
mas não deixa de se sentir acima das questõezinhas económicas,
dos défices, das décimas, das bolsas, da eficácia
o poeta, às vezes, sente falta de companheiros
para discutir as suas teses
o poeta sente falta do Rocha
e das suas análises sociológicas
mas não deixa de se sentir em cima
a cerveja não acabou
e pode vir sempre mais uma
que se foda!
O que importa é gozar o momento
curtir a hora
enquanto dura
bem sabemos que o mundo é uma merda
que fizeram do mundo uma merda
mas sempre podemos olhar para a perna da gaja
sempre podemos curtir a cerveja
a cerveja substitui os amigos
a cerveja substitui as gajas
e até julgamos que estamos próximos do sublime
e até julgamos que descobrimos a pólvora
mesmo que estejamos sozinhos
num café de Braga
onde pouco se passa:
um homem lê o jornal
o gerente conversa com dois clientes
a televisão passa o concurso do atrasado mental
o outro cliente bebe e escreve
pois, por acaso, é poeta
começou a pensar que era poeta aos 16 anos
quando escrevia umas coisitas sentimentais
depois fez umas pausas
publicou uns livros
e agora tem a mania de escrever todos os dias
pensa que acrescenta algo à humanidade
pensa que a pode mudar, que a pode moldar
à sua imagem e semelhança
mas é o gordo atrasado mental que arranca as palmas
de vez em quando os media lembram-se do poeta
mas depois desaparecem
as horas vão passando
e o poeta continua a beber
vai sair mais um daqueles épicos
para contar aos netos
ouve amigos que admirava e que já partiram
o Jaime, o Joaquim, o Alba
e as barbas crescem
as conversas do gerente com os clientes
não o entusiasmam
falam de voltas e de carros e de cartas
é certo que o poeta gosta de andar às voltas
até se sente atraído pela gaja que está ao balcão
e que fuma
e grita: GAJA QUE ESTÁS AO BALCÃO, AMO-TE!
E a gaja dá-lhe um beijo na boca.