Friday, February 29, 2008


Tiro o chapéu a este João Pedro George, que meteu mãos a esta tarefa interessante e importantíssima, ainda para mais nos tempos pardacentos que hoje correm. É conhecendo os verdadeiros Poetas que se fizeram Poema que os portugueses podem inspirar-se a criar mais e melhor, a deitar cá para fora tudo o que de bom têm. Vamos lá a queimar essas estatísticas, as ortografias e as cerimónias.

Mas o que de bom há neste João Pedro George é a clareza com que escreve. E com um jeito científico e objectivo que falta a tanta gente douta, indica as suas fontes! Ora, e já Agostinho nos dizia, o que é preciso hoje no mundo é arranjar uma data de geómetras da linguagem para desfazer essas brumas subjectivistas das estátuas universitárias. O que é preciso é analisar ponto por ponto, esquartejar mesmo, com uma precisão cirúrgica, o discurso dos outros e avaliar o que há de verdadeiro e o que há de falso, ultrapassado ou desusado. E não é que o gajo vai mesmo ter com os psiquiatras para explicar o caso?! Não há limitações ou barreiras no caminho que se constrói até ao entendimento completo da psicologia humana. Longe dessas bibliotecas horrorosas e bafientas, ou das cátedras inexpugnáveis, procura-se a verdade. E mais que isto, com a devida vénia, citamos aqui e já um pequeno trecho:

[Sobre o Luiz Pacheco - e tenha-se em atenção que Luiz se escreve com z, captando a rudeza e aspereza que lhe eram tão características, mas também a clareza e franqueza que sempre com as primeiras andavam de mãos dadas]

Não porque quisesse [o Pacheco] ocupar o palco a qualquer preço, mas porque lhe estava no sangue e porque conquistara, há muito, esse direito, essa liberdade de dizer o que lhe dava na gana. Era rude? Era torcido? Era cruel? Talvez. Era inconveniente? Rompia em excessos? Descambava nas indelicadezas? Dava respostas chulas? Melhor! Quando à nossa volta o clima mental é lúgubre e estéril; quando o meio literário em que vegetamos não promove o espírito crítico, antes o comércio escuro e as mútuas mesuras (mas isto é como malhar em ferro frio, quem é que quer saber disso?), abençoado Pacheco! Num ambiente destes, repito, as judiarias e o temperamento belicoso do Luiz tinham um efeito desinfectante. E atirar à cara dos obsoletos literatos locais uns quantos raciocínios sumários, aplicar-lhes algumas dentadas de cobra cascavel, fazendo-lhes sangrar o orgulho, era um dever, mais, era um sinal de civilização.

O Crocodilo Que Voa. Entrevistas a Luiz Pacheco


E vejam lá que, por cima disto tudo, o gajo inda é humilde! Não sabia que ainda havia gente desta em Portugal! E está tudo dito!

Fonte: http://fontedofimdomundo.blogspot.com/2008/02/o-crocodilo-voa.html

Tuesday, February 26, 2008

Não vim ao mundo para trabalhar. Vim ao mundo para espalhar a Boa Nova. Não de Deus nem de Jesus mas do Homem, do Super-homem. Dionisíaco, xamãnico. Sem preconceitos, sem dinheiro. Criador.

Vim para falar do homem que não é lucro, que não é mercador. O novo homem, não-violento, não-predador. O homem novo. O Amor.

Vim para dizer que a sociedade mercantil não é o fim da História. Que uma nova sociedade nascerá dos escombros do capitalismo. Uma nova sociedade baseada no amor e na criação, que exalte a vida, onde o dinheiro, o lucro, o ódio e o tédio serão abolidos.

UM POETA A MIJAR- CRÍTICA DE RUI LAGE


Mas o poema sobre o qual eu gostaria de me deter é o intitulado "A Ilíada no Velvet" , talvez o melhor do livro e onde se misturam aquelas que me parecem ser as três linhas de força da poesia de A. Pedro Ribeiro: a iconoclasta (que elege como alvos a sociedade em geral, a política, a religião, os costumes, o senso comum, etc), a surrealizante, de celebração dionisíaca, que eu prefiro chamar de xamanística, dado o cenário mental de "trip" e o ascendente da geração "beat" e, finalmente, a veia irónica, da auto-irrisão implacável, que, quanto a mim, está na base dos melhores poemas deste livro, como já acontecia no anterior "Saloon". Falo dos poemas nos quais um olhar gasto, estóico e céptico faz as vezes de um holofote discreto que, a partir da extremidade de um balcão ou de uma mesa de café, vai incidindo no vai-vem dos fregueses que entram e saem, e se sentam e falam e levantam, vai-vém que se cruza e mistura até à indistinção com o estado mental do sujeito que faz uma análise desassombrada de si mesmo: não só da sua condição existencial mas também, ou sobretudo, da sua condição de poeta e até do seu contexto físico, corpóreo, o das necessidades básicas- onde se inclui a financeira: "Ao que parece, nada se vai passar até às 6/ nem tão pouco conversas com putas, travestis/ e amigos das putas que nos oferecem poemas/ e são membros da Junta de Freguesia/ Só putos e tédio/ não há rock nada rola/ e a menina bonita não está/ não vai estar mais/ Deveria ter ido para casa/- dizem a moral e o bom senso".
É também nesta família de poemas que se revela melhor o enorme talento irónico de A. Pedro Ribeiro, capaz de uma ironia de "Caranguejola", como a de Sá-Carneiro, sossegada à superfície, até terna, por vezes, mas escondendo, no fundo, uma extrema violência e revolta.

Rui Lage

Monday, February 25, 2008


subversão

eu sou o cosmos a realidade o sonho a cor da utopia uma estrada velha um sonho galactico um mundo paralelo impressionista delicado irreal eu quero um exploiter acreditar um sonho brincar desconstruir levar um planeta acreditar na lua amar dar fofinhos criar a lua dar abraços a lua plantar cogumelos e nas noites dançamos na lareira e criamos um mundo de fantasia eu quero eu destruo eu amo eu estou para além das visoes uma mente cosmica criamos fazemos um som desenhamos uma tela branca uma ilusao abstracta um rio selvagem que corre sem obsctaculos onde estás ? pede ao papá para ir acampar estou em viagem numa alucinação paralela beijinhos

in http://voodooexperience.blogspot.com

Saturday, February 16, 2008

Confeitaria

As mulheres falam
e o espírito dionisíaco desperta

Thursday, February 14, 2008

NIETZSCHE




Com o ar privado de luz,
Quando já do rócio o consolo
Escorre para a terra,
Invisível, inaudível também –
Pois leve calçado traz,
Como toda a suavidade que alivia, o rócio consolador –
Lembras-te, então, lembras-te, coração ardente,
Como, outrora, estavas sequioso
De lágrimas celestes e gotas de orvalho?
Crestado e cansado, andavas sedento,
Enquanto, por amarelos carreiros na erva,
Maldosamente, os olhares do sol vesperal,
Passando entre árvores negras, à tua volta corriam,
Embraseados olhares do Sol, ofuscantes malignos.

Pretendente à verdade? Tu? – escarneciam –
Não! Apenas um poeta!
Um animal, e astuto, rapinante, furtivo,
Que tem de mentir,
Que tem, ciente e voluntariamente, de mentir:
Cobiçando a presa,
Mascarado de várias cores,
Mácara para si próprio,
Para si próprio presa...
Isto, o pretendente à verdade?
Não! Apenas louco! Apenas poeta!
Proferindo só discursos confusos,
Gritando desordenadamente por detrás de máscaras de bobo,
Andando por cima de mentirosas pontes de palavras,
Por cima de arco-íris multicolores,
Entre falsos céus e falsas terras,
Vagueando, pairando por aí...
Apenas louco! Apenas poeta!

Isto, o pretendente à verdade?
Nem imóvel, rígido, liso, frio,
Feito estátua,
Tornado num pilar de Deus,
Nem erguido diante de templos,
Qual guarda-portão de um deus...
Não! Hostil a essas estátuas da verdade,
Mais à vontade em qualquer deserto que diante de templos,
Com a travessura dos gatos,
Saltando por qualquer janela –
Depressa! – para qualquer casualidade,
Farejando toda a floresta virgem,
Farejando obssessiva e ansiosamente,
Para que nas selvas,
Entre feras sarapintadas,
Corresses pecaminosamente sadio, variegado e belo,
Com beiços ávidos,
Venturosamente escarninho, infernal e sanguinário,
Andasses rapinando, insidioso, falso...

Ou, tal como a águia, que longa,
Longamente, crava os olhos nos abismos,
Nos seus abismos...
Oh! como elas descem,
Lá para baixo, lá para dentro,
Enroscando-se em profundezas cada vez mais fundas!
Depois,
Subitamente, sempre a direito,
Num vôo tenso,
Atiram-se aos cordeiros,
Caindo bruscamente, famintas,
Ávidas de cordeiros,
Hostis a todas as almas de anho,
Envaidecidas contra tudo o que pareça
Ovino, com olhos de cordeiro, com lã encaracolada,
Pardo, com a benevolênca do borrego e da ovelha!

Assim,
Próprios de águia, próprios de pantera,
Sã os anelos do poeta,
São os teus anelos sob mil máscaras,
Ó louco! Ó poeta!

Tu, que viste o homem,
Tanto deus como carneiro,
Despedaçar o deus no homem
Tal como o carneiro no homem
E rir, despedaçando-os...

Essa, essa é que é a tua felicidade!
A felicidade duma pantera e duma águia!
A felicidade dum poeta e dum louco!

Com o ar privado de luz,
Quando já da Lua o crescente,
Verde entre vermelhos pupúreos
E invejosos, entra furtivamente,
Adverso ao dia,
A cada passo, secretamente
As cortinas de roseira ceifando
Até que caiam,
E sumam, pálidas, pela noite abaixo.

Assim eu proprio caí, outrora,
Do meu delírio de verdade,
Dos meus anelos diurnos,
Cansado do dia, doente da luz,
Caí para o fundo, para a noite, para a sombra,
Por uma só verdade queimando
E só dela sequioso:
Ainda te lembras, coração ardente, lembras-te
Como, então, tinhas sede?
Que eu seja desterrado
De toda a verdade,
Apenas louco!
Apenas poeta!

NIETZCHE, F. W. "Canto da melancolia, quarta parte, item 3" In: Assim falou Zaratustra. Tradução Paulo Osório de Castro. Lisboa: Relógo D'água, 1998, p. 349-352.

Wednesday, February 13, 2008

VAMOS FAZER O NATAL SOBRE A TERRA


Vêmo-lo regressando ao paganismo da inocência, àquela idade àurea perdida em que a vida era "um banquete em que todos os corações se abriam e em que todos os vinhos corriam".
(Henry Miller, "Tempo dos Assassinos", a Rimbaud)

"Vamos fazer o Natal sobre a Terra...agora, já, estão-me a ouvir? Não queremos esperar por caramelos no céu!" (Rimbaud)

"We Want the world and we want it...NOW!" (Jim Morrison)

A salvação só surge às portas do inferno.

A estrada que conduz ao Céu passa pelo Inferno.

Não há alegria comparável à do homem que cria, porque a criação não tem outra finalidade para além de si própria.
(Henry Miller)

RILKE


(...)É preciso começar aí onde Deus, fatigado, parou. E onde é isso afinal? Na vida não, é no homem. Não nas multidões, mas nesse homem único, que nos separa da eternidade para nunca deixar conhecer a nossa miséria e para nos dar coragem para recomeçar, incansavelmente. (...) Isso deveria ser uma festa, uma alegria sem limites.
(Rainer Maria Rilke, "Os últimos 1902" in "Histórias do Bom Deus e Outros Textos")

UM POETA A MIJAR


UM POETA A MIJAR NA CENTÉSIMA PÁGINA

O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado no próximo dia 15 de Fevereiro, sexta, pelas 18,30 horas (e não às 23,30) na livraria "Centésima Página" em Braga. O evento conta com a presença do autor e do crítico literário Rui Lage.
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, Março de 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, Braga, 1988). "Um Poeta a Mijar" situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura. "Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Viveu em Braga, onde frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio, Trofa e Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário.

Tuesday, February 12, 2008

UM POETA A MIJAR


"Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura.
"Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário. Um poeta moderno à moda antiga.

in http://sitiopeludo.blogspot.com

Espero que te estejas a divertir, algures na Europa. Eu estou mais ou menos. As pessoas vêm falar comigo acerca do destino da humanidade. Deixei de acreditar na humanidade. Apenas acredito em alguns homens e em algumas mulheres. Já não sou marxista. Marx acreditava na bondade dos homens, dos proletários. Eu não. O capitalismo destrói o homem. Mas parece que o homem não quer destruir o capitalismo. Tornei-me cínico.

Tem piada dizeres que já sabes como vou dizer os meus poemas antecipadamente. E dizeres que preferes vê-los escritos.



MAMAS 2



Vem-se à cidade

e vêem-se mamas

só mamas mamas mamas

vens-te na cidade

e gritas

ó mana, mana, mana...



Olhas para a TV

e mamas mamas mamas

curtes o percing

e queres

dama dama dama

dá-ma dá-ma dá-ma

bebes o príncipe

e gramas gramas gramas

curtes a branca

ao grama grama grama

gramas?



Chegas à idade

e chamas chamas chamas

amas?

Vens à cidade

e mamas mamas mamas...



in "Um Poeta a Mijar".

Monday, February 11, 2008

PORQUE TE AMO, Ó ETERNIDADE!




SE ALGUMA VEZ ESTENDI POR SOBRE MIM FIRMAMENTOS TRANQUILOS, SE VOEI COM AS MINHAS PRÓPRIAS ASAS NO MEU PRÓPRIO CÉU.


SE NADEI ATIRANDO-ME PARA PROFUNDAS E LUMINOSAS DISTÂNCIAS, SE A MINHA LIBERDADE SE TORNOU UMA SABEDORIA DE AVE,


...MAS ASSIM FALA A SABEDORIA DE AVE: "REPARA, NÃO HÁ ALTO NEM BAIXO! ATIRA-TE PARA TODOS OS LADOS, PARA A FRENTE, PARA TRÁS, HOMEM LEVE! NÃO FALES! CANTA!


NÃO SÃO AS PALAVRAS FEITAS PARA OS SERES PESADOS? PARA O HOMEM LEVE NÃO SÃO MENTIRA TODAS AS PALAVRAS? CANTA! NÃO FALES!


OH! COMO NÃO COBIÇARIA A ETERNIDADE E O SUPREMO ANEL NUPCIAL- O ANEL DO REGRESSO!?


AINDA NÃO ENCONTREI A MULHER DE QUE DESEJARIA TER FILHOS, A NÃO SER ESTA MULHER QUE AMO:




PORQUE TE AMO, Ó ETERNIDADE!




(F. NIETZSCHE, "ASSIM FALAVA ZARATUSTRA")

SEM CONTROLE



SEM CONTROLE

Quando estás sem controle
Ofereces as tragédias gregas
A gajas desconhecidas
Dás telemóveis às putas
Gritas por Satã na Avenida

Quando estás sem controle
Os polícias ameaçam-te de porrada
Bebes e bebes
E não queres saber de nada
Quando estás sem controle
Percebes que a vida é uma merda
E que o teu reino não é aqui

Quando estás sem controle
Ofereces poemas inéditos
Exemplares únicos
E perdes a namorada.

A. Pedro Ribeiro.

LUZ


Luz! Luz! Faça-se luz!

Possuído por um deus
celebro festins interiores

Luz! luz! Faça-se luz!

Em busca de iluminações
atiro-me contra as paredes

Luz! Luz!

Pedaços de mim
esvoaçam sublimes

Luz! Luz!

Meu canto doido
para lá dos homens!

Luz! Luz!

Para lá das montanhas
para lá das cidades!

Luz! Luz!

À mesa do café
percorro eternidades

Luz! Luz!

Ao poeta das trevas
ao vagabundo das eras!

Luz! Luz!

Dá-me vinhos, licores
mostra-me a saída!

Luz! Luz!

Ilha dos amores,
minha rainha!

Luz! Luz!

Meu canto doido

e um deus
que dança
a meus pés.

A. Pedro Ribeiro, Motina/Clássico Real, 1.12.2007.

UM POETA A MIJAR


O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado no próximo dia 15 de Fevereiro, sexta, pelas 23,30 horas na livraria "Centésima Página" em Braga. O evento conta com a presença do autor e do crítico literário Rui Lage.
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, Março de 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, Braga, 1988). "Um Poeta a Mijar" situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura. "Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Viveu em Braga, onde frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio, Trofa e Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário.

Sunday, February 10, 2008

Aqui na Terra
sofre-se
a coisa dói
não há salvação
a não ser na criação
mas a criação não vem
foge
põe-nos deprimidos
solitários
ausentes.

Thursday, February 7, 2008

MISSIVA






ontem no "Púcaros" fiquei algo despalavrado diante de ti. E eu quero dizer-te tantas coisas. Até escrevo cartas à antiga. Não queres tomar um café comigo no Piolho? A verdade é que passei por um período difícil, depressivo e só agora estou a recuperar. Também o mundo não ajuda nada. Mas há pessoas como tu que me fazem acreditar na criação, no sol, nas estrelas. Também há vida interior, o espírito livre, mas só às vezes consigo soltá-lo. A tua postura brilha, os teus olhos brilham. Gosto muito de ti. Nomeadamente depois da primeira conversa que tivemos acerca do PC e da revolução. Ainda acredito na revolução, mas numa revolução global-poética, sexual, libertária, feita de amor- e não revolução meramente política- todas as revoluções políticas ou falharam ou ficaram incompletas.

Diz coisas. Responde, menina.

Beijos, Pedro.



E já que gostas deles escritos aqui vai um ou dois ou três:



MARX E NIETZSCHE



Marx e Nietzsche discutem

no meu cérebro

e as mulheres vêm à confeitaria

falar de doenças.





O PRESIDENTE DA JUNTA



Regresso ao "Clássico Real" e bebo

o Natal e o Ano Novo passaram à História

o velhote agarra-se às muletas e sai

A Júlia Pinheiro desata às gargalhadas

o primeiro-ministro controla

a clientela também ri

a felicidade mora aqui



Uma excursão de gente cabisbaixa

invade o "Clássico Real"

a Júlia Pinheiro permanece na TV

e fala na desertificação do país

Façam-se filhos!

Façam-se Filhos!

-Grita o Cavaco a cavalo no Sócrates

e depois vem o presidente da Junta

a gritar em todas as portas:

-Eu é que sou o presidente da Junta!

E a felicidade mora aqui.





CRÓNICAS



O empregado de mesa

e o ex-mendigo

apreciam as minhas crónicas



Venho à Póvoa

e sou feliz.

Tuesday, February 5, 2008

UM POETA A MIJAR


"UM POETA A MIJAR" NO PÚCAROS

O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado no próximo dia 6 de Fevereiro, quarta, pelas 23,30 horas no bar Púcaros no Porto. O evento conta com a presença do autor, dos diseurs Luis Carvalho e Isaque Ferreira, do crítico Rui Manuel Amaral e dos editores Ricardo de Pinho Teixeira e Adriana Pereira.
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, Março de 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, Braga, 1988). "Um Poeta a Mijar" situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura. "Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Viveu em Braga, Trofa e Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário.

Monday, February 4, 2008


escrevo-te ao ler "O Tempo dos Assassinos" que Henry Miller dedicou a Rimbaud. Nós, que temos uma vida interior rica, temos dificuldade em adaptarmo-nos ao mundo material, tornamo-nos felizes quando aparecem pessoas como tu, a questionar a sociedade e o papel do PCP e dos revolucionários. Há, de facto, lugares na vida que só atingimos quando lemos determinados livros ou quando nos aparecem determinadas pessoas. Tudo o resto é tédio, sofrimento, depressão, repressão. O PCP tem razão no discurso económico mas peca por não chegar ao domínio do individual, do sofrimento, das tentativas de suicídio e do próprio suicídio. E depois onde é que a loucura começa e acaba, quem são os loucos?

Saturday, February 2, 2008

ARTAUD

A 25 de fevereiro de 1948 Artaud escreve para Paule Thévenin dizendo. Paule, estou triste e desesperado / meu corpo dói de alto a baixo / tenho a impressão que as pessoas se decepcionaram com a minha transmissão de rádio. / Onde estiver a máquina / estará sempre o abismo e o nada / há uma interposição técnica que deforma e aniquila o que fazemos ... / é por isso que nunca mais mexerei com o rádio / e de agora em diante me dedicarei novamente / ao teatro / tal como o imagino / um teatro de sangue / um teatro em que cada representação terá feito algo / corporalmente / para aqueles que representam e também para aqueles que vêm ver os outros representarem Eu tive uma visão esta tarde - eu vi aqueles que me seguirão e que ainda não estão completamente encarnados porque os porcos, como aquele do restaurante de ontem i noite, comem demais Alguns comem demais - outros, como eu, não conseguem comer sem cuspir. / Todo seu / Antonin Artaud.

A Katiucha já não vem
o Carnaval perdeu o interesse
resta-me a apresentação do "Poeta a Mijar"
na quarta-feira
oxalá apareça quem eu espero.